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Juliana Dal Piva

REPORTAGEM

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Bolsonaro estuda lançar assessor do gabinete do ódio a deputado federal

Tercio Arnaud Tomaz, assessor do presidente Jair Bolsonaro, durante viagens na campanha de 2018 - Facebook/Reprodução
Tercio Arnaud Tomaz, assessor do presidente Jair Bolsonaro, durante viagens na campanha de 2018 Imagem: Facebook/Reprodução

Colunista do UOL

10/02/2021 11h19Atualizada em 10/02/2021 12h18

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Além da disputa à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro já faz outros planos para a corrida eleitoral de 2022. Um deles é sobre a lista de candidatos que irá apoiar entre deputados e senadores. Um dos nomes que está sendo cogitado para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados é o de Tércio Arnaud Thomaz, assessor especial da presidência da República e conhecido por integrar o chamado "gabinete do ódio".

Tércio é de Campina Grande, na Paraíba, e a ideia é que ele dispute uma vaga por seu estado. Ele estreou um perfil oficial no Twitter em janeiro deste ano.

Foi Carlos Bolsonaro quem o descobriu entre 2013 e 2014. Ele conquistou a proximidade junto ao clã Bolsonaro quando criou a página "Bolsonaro Opressor" no Facebook. Ele a usava para atacar, por meio de memes, os adversários do então deputado federal, além de elogios a Bolsonaro. Ele também usou a página para atacar a vereadora Marielle Franco.

O agora assessor presidencial não tinha experiência prévia em política. É formado em Biomedicina e trabalhou como recepcionista em um hotel. Depois que foi descoberto pelo "zero dois", foi chamado para ser assessor dos gabinetes.

Quando foi conhecer Bolsonaro, Tércio chegou a ir para Brasília e se hospedar no apartamento em que Jair Bolsonaro morava. Depois disso, ao ser integrado oficialmente ao gabinete de Bolsonaro, em abril de 2017. Ele, então, mudou de Campina Grande para o Rio de Janeiro e passou a morar em um apartamento alugado pelo chefe e próximo ao condomínio onde o presidente possui residência na Barra da Tijuca.

O tempo passou e, na virada de 2017 para 2018, Tércio passou a constar como assessor do gabinete de Carlos, mas seguiu ao lado de Bolsonaro. Inclusive, com viagens na pré-campanha por todo o país. Os próprios colegas da Câmara de Vereadores falavam, sem constrangimento, que ele era "externo" e assessorava Jair Bolsonaro.

Com a vitória na eleição de 2018, ele também foi um dos primeiros a ser nomeados como assessor especial da Presidência com um salário de R$ 13,6 mil.

Páginas de ódio

Outra página administrada por ele era a "Bolsonaro Opressor 2.0²". Em 2016, ele postou uma imagem da deputada Maria do Rosário caída como se tivesse levado um tiro e do ex-deputado Jean Wyllys, além dos ex-presidentes Lula e Dilma amarrados por camisas de força. Em seguida, escreveu: "Caso Bolsonaro seja presidente...".

As páginas foram desativadas pelo Facebook muito tempo depois, mas a "Bolsonaro Opressor 2.0" chegou a ter mais de 1 milhão de seguidores. No ano passado, o Facebook e o Instagram divulgaram um relatório produzido pelo DRFLab que apontou o envolvimento de Tércio em outras páginas de ódio. Além da página "Bolsonaro Opressor 2.0", foi identificado que a conta @bolsonaronewsss, no Instagram, era administrada por Tercio. Ela tinha 492 mil seguidores e mais de 11 mil publicações. Também foi retirada.

A página era anônima, mas as informações de registro permitiram a identificação. No relatório, os pesquisadores apontaram que a conta publicava "conteúdo era enganoso em muitos casos, empregando uma mistura de meias-verdades para chegar a conclusões falsas". No ano passado, a página postou, por exemplo, ataques ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro, após a saída dele do governo.