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Juliana Dal Piva

REPORTAGEM

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Presidente da OAB pode liderar no Rio o palanque contra Bolsonaro em 2022

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz -  Fabio Rodrigues Pozzebom
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom

Colunista do UOL

27/03/2021 04h00

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A eleição ao governo do Rio em 2022 pode ter uma novidade que tentará unir diferentes partidos e até adversários históricos. O nome do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, é visto com entusiasmo pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM-RJ), e pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP).

O presidente da OAB tem dito a pessoas próximas que faz reflexões sobre o problemático histórico dos ex-governadores do Rio, considerado por ele como "cemitério de políticos". Mas está decidido a apoiar, de alguma maneira, qualquer palanque que se contraponha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro e de seus candidatos.

Santa Cruz está nesse momento mais próximo do PSDB. Interlocutores do presidente da OAB contaram à coluna, porém, que ele está avaliando questões pessoais para se decidir e acompanhará os movimentos do prefeito Eduardo Paes para bater o martelo se entrará na disputa ou não. O jornal Correio da Manhã informou que o prefeito tenta construir uma ponte com o MDB e quer Santa Cruz como candidato.

Nos últimos tempos, Santa Cruz se aproximou muito do prefeito do Rio e, caso o prefeito acompanhe o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) numa eventual troca de partido, isso também deve ser levado em conta. As trocas, porém, ainda estão indefinidas.

Santa Cruz possui laços políticos tanto no PT como no PSDB. A mãe, Ana Lúcia, foi uma das fundadoras do PT no Rio, mas outros familiares integraram o PSDB. Ele também tem dito a interlocutores que será necessário um acordo entre centro e esquerda, algo capaz de abdicar das brigas e até de certas "vaidades" para derrotar .

O presidente da OAB é filho de Fernando Santa Cruz, que integrou a APML (Ação Popular Marxista Leninista) e foi opositor da ditadura militar. Ele é considerado desaparecido político desde fevereiro de 1974. E, se disputar o governo do Rio, ele já traz na bagagem os embates com Bolsonaro para o palanque.

Desde o início do governo de Jair Bolsonaro, Santa Cruz teve duros embates com o presidente e, em uma ocasião, Bolsonaro chegou a dizer que um dia contaria a Santa Cruz como o pai morreu, e que o presidente da OAB não iria querer saber a verdade. Mais tarde, Bolsonaro fez insinuações falsas de que o pai de Santa Cruz teria morrido em uma ação de grupos de esquerda. Toda a investigação já produzida sobre o desaparecimento mostra que ele foi preso por militares.

Santa Cruz chegou a interpelar Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal). O presidente baixou o tom e disse que ouviu em "conversas" a versão. Depois, falou que não quis ofender. "Não imputei fato previsto como crime ao pai do interpelante. Por fim, não tive qualquer intenção de ofender quem quer que seja, muito menos a dignidade do interpelante ou de seu pai", respondeu Bolsonaro, em petição à Corte.

Outro embate recente de Felipe Santa Cruz foi com a advogada Luciana Pires, que atua na defesa do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Quando soube que o nome dela circulava entre possíveis candidatos a uma das duas vagas de desembargador do Tribunal de Justiça do Rio, ele a criticou duramente.

Na ocasião, em janeiro, Santa Cruz disse à colunista Berenice Seara, do Extra, que "não há qualquer chance de essa advogada de porta de cadeia entrar em uma lista da OAB". Agora, passados dois meses, ele tem dito a interlocutores que não se orgulha da declaração e que só queria fazer uma crítica, mas exagerou na forma.

A defensora do filho mais velho de Bolsonaro representou Santa Cruz criminalmente por causa da declaração. A primeira audiência do caso será no dia 26 de abril.