Topo

Juliana Dal Piva

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Babá diz que presenciou três situações de possível agressão a Henry

Colunista do UOL

13/04/2021 09h07

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

No novo depoimento de Thayná de Oliveira Ferreira, babá do menino Henry Borel, de 4 anos, morto no dia 8 de março, a funcionária relatou à polícia pelo menos três situações ao longo de fevereiro deste ano em que o menino foi para o quarto do casal e saiu com marcas no corpo.

Thayná falou por mais de oito horas na 16ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro ontem e admitiu ter mentido no depoimento anterior a pedido de Monique Medeiros, mãe de Henry. No depoimento, obtido pela coluna, Thayná disse também que, diferente do que foi dito anteriormente, o vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr Jairinho, e Monique brigavam com frequência.

A babá disse que, além do episódio ocorrido em 12 de fevereiro, o primeiro episódio que ela presenciou foi no dia 2 de fevereiro quando Monique estava no futevôlei. Nesse caso, anterior, Jairinho também chegou em casa antes do previsto. O vereador chamou o menino de mimado e pediu que Henry fosse com ele para o quarto do casal. Segundo a babá, o menino e o padrasto ficaram cerca de 30 minutos sozinhos e de portas fechadas.

Quando os dois saíram, ela disse que foi até Henry e perguntou o que tinha ocorrido. "Que a declarante foi até Henry e perguntou o que havia acontecido, especificamente o que Jairinho havia falado, ocasião em que Henry respondeu que: "tinha esquecido, que estava com soninho". Depois disso, Henry foi para escola e, quando voltou, levou o menino para a brinquedoteca, mas ele não quis brincar com as outras crianças.

"Que Henry relatou que estava com dor no joelho; Que a declarante esclarece que já tinha ocorrido situações em que Henry também não queria brincar com as crianças da brinquedoteca, porém Henry não mentia sobre a razão de não querer fazê-lo, apenas falava que não queria brincar", afirmou Thayná para a polícia.

Já no terceiro episódio, a babá disse que não recordava a data com precisão, mas acredita que ocorreu na última semana de fevereiro deste ano. Thayná disse que outra vez o vereador chegou em casa antes do horário usual e Monique não estava em casa. Só estavam Henry e ela. Mais uma vez, o parlamentar chamou o menino para ir sozinho com ele ao quarto do casal.

"Que, cerca de três minutos depois, a porta abriu e a declarante viu Henry; Que, perguntada se ficou esperando a porta se abrir, a declarante respondeu que sim; Que a declarante perguntou imediatamente o que havia ocorrido a Henry, mas ele relutou em responder num primeiro momento; Que a declarante insistiu em perguntar, até que Henry disse que havia caído da cama, mas a declarante pode perceber que Henry estava visivelmente intimidado", afirmou Thayná, que contou ter perguntado a Jairinho o que ocorreu e ele também disse que Henry caiu da cama.

Thayná disse então que levou Henry para a cozinha para comer um bolo. "Que, enquanto Henry comia bolo, a declarante viu que Henry estava com uma marca roxa no braço e, novamente, perguntou o que tinha acontecido; Que Henry disse, novamente, que havia caído da cama", afirmou a babá.

Intimidação após agressão

A babá também relatou à polícia que depois que contou a Monique sobre as agressões de Jairinho ocorridas em 12 de fevereiro, episódio descoberto pela polícia devido aos prints de conversas entre Monique e ela, Jairinho teria intimidado o menino.

Depois que Henry contou a ela ter levado uma rasteira ou "banda", Thayná disse que notou um roxo em um dos joelhos de Henry e ele relatou dor na cabeça. Em seguida, Monique pediu a babá que ligasse por vídeo para ela e então Henry contou à mãe o que tinha ocorrido.

"Que Henry por chamada de vídeo, relatou à mãe as agressões sofridas, exatamente como havia feito à declarante, pedindo que Monique chegasse logo; Que Monique pede então que a declarante apague as mensagens de seu celular, para caso Jairinho quisesse pegar o aparelho; Que, naquele momento, a declarante apagou pontualmente somente algumas mensagens, mas não a conversa inteira", contou Thayná, aos policiais.

Alguns minutos depois, porém, Jairinho apareceu e começou a falar exaltado para Henry. "Você gosta de ver sua mãe triste com o tio?" e, ainda, "Você mentiu para a sua mãe?". Thayná disse que Henry estava em seu colo e o vereador passou a perguntar se o menino tinha ligado para a mãe e o que tinham conversado.

"Thayná disse que pediu para que Jairinho se acalmasse, momento em que o mesmo começou a tentar tirar Henry do colo da declarante, estendendo as mãos e o chamando insistentemente, mas o menino não quis ir, se encolhendo no colo da declarante", contou ela. Depois, o menino admitiu que tinha falado para a mãe sobre as agressões.

"Que, em seguida, a declarante sentou-se ao chão com Henry para acalmá-lo; Que Jairinho ficou em pé; Que a declarante incentivou Henry a dizer o que havia ocorrido, sendo que, neste momento, na presença de Jairinho, Henry confirmou que havia ligado para a mãe e dito que Jairinho havia lhe agredido; Que Jairinho, então, começou a falar a Henry que ele não poderia mentir para a mãe dele, que ele 'ficava triste'".