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Juliana Dal Piva

REPORTAGEM

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Crise de oxigênio: Pazuello só se preocupava em comprar saco preto, diz ex

Colunista do UOL

26/10/2022 04h00

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Deputado eleito pelo PL no Rio e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello fez uma festa no auge da crise de falta de oxigênio em Manaus, no Amazonas, em janeiro de 2021. Na ocasião, o agora parlamentar teria debochado da situação crítica e dito que estava "preocupado em comprar os sacos pretos" para enterrar os mortos da pandemia. As revelações foram feitas pela dentista Andrea Barbosa, ex-mulher de Pazuello, ao canal My News e reiteradas à coluna com outras informações adicionais. Você pode conferir a íntegra da entrevista no canal UOL.

Andrea diz que ela soube desse episódio porque Pazuello havia convidado a filha para um jantar, já que a menina estava com a mãe, em Manaus, na ocasião. Ele havia ido à capital do Amazonas para representar o ministério quando a segunda onda de covid se alastrou pelo país e um novo pico da doença fez com que faltasse oxigênio nos hospitais de Manaus.

Ao chegar ao local onde Pazuello estava, porém, a menina pediu para voltar para casa quando percebeu a festa. Segundo Barbosa, estavam presentes sobrinhos de Pazuello e integrantes à época da equipe do Ministério da Saúde.

"Uma pessoa que estava lá fotografou e me mandou. Estava rolando uísque a solto aqui. A equipe do ministério estava regada a uísque", diz a dentista. "Vocês noticiaram e eu vivenciei. Fui testemunha do que aconteceu em Manaus", revela ela.

Procurado, Pazuello não quis se manifestar.

Segundo Andrea Barbosa, o convite para que Pazuello assumisse a vaga de ministro interino da Saúde, em maio de 2020, foi feito pelo general Walter Braga Netto (PL). Andrea disse que foi o agora vice na chapa do presidente Jair Bolsonaro que chamou Pazuello "para ser a marionete daquele momento".

A dentista disse que o casamento dos dois terminou de vez em função do desentendimento pela atuação de Pazuello no Ministério da Saúde durante a pandemia. De acordo com Barbosa, ela insistiu muito com o ex-marido para que ele não aderisse à defesa do uso de cloroquina, um medicamento que já se sabia não possuir efetividade para o tratamento da covid-19.

"O que eu mais pedi para ele foi para não entrar nisso", conta ela. Andrea Barbosa disse que alertou Pazuello sobre ele estar "servindo de marionete". Segundo ela, o ex-ministro disse: "Cala a tua boca. Você não sabe de nada, a gente vai mudar a bula da cloroquina".

Ela diz que não quis compactuar com aquilo e, por isso, nem sequer ia a Brasília. "Para mim, isso é uma grande vergonha e é uma condução equivocada de uma pandemia que está trazendo prejuízos para a vida inteira e pessoas mortas todos os dias", afirmou ela.

Barbosa avalia ainda que o relatório do procedimento que Pazuello respondeu por participar de uma manifestação, apesar de ser um general da ativa, foi colocado sob sigilo porque o ex-ministro respondeu a outros procedimentos ao longo da carreira.

"Um processo de abuso de autoridade, mas para mim era racismo", conta ela, ao mencionar uma situação em que Pazuello obrigou um soldado a carregar uma carroça de munições.