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Pazuello, ex-ministro da Saúde, é eleito deputado no RJ; Queiroz fracassa

General Eduardo Pazuello em dezembro de 2020, quando ainda era ministro da Saúde - Isac Nóbrega/PR
General Eduardo Pazuello em dezembro de 2020, quando ainda era ministro da Saúde Imagem: Isac Nóbrega/PR
Igor Mello e Rodolfo Vicentini

Do UOL, no Rio e em São Paulo

02/10/2022 21h03

O ex-ministro da Saúde do governo Jair Bolsonaro (PL) Eduardo Pazuello foi eleito hoje deputado federal pelo Rio de Janeiro —às 21h20, com 97% das urnas apuradas, ele somava mais de 200 mil votos.

Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e aliado da família do presidente da República, não conseguiu se eleger para deputado estadual —foram menos de 7.000 votos.

Eduardo Pazuello pediu demissão do cargo de ministro da Saúde em março de 2021 em meio a um grave momento enfrentado pelo país durante a pandemia da covid-19. Ele foi substituído, então, pelo atual chefe da pasta, o médico Marcelo Queiroga.

A gestão do general à frente da pasta ficou marcada pela crise e falta de oxigênio para pacientes internados com covid-19 em janeiro do ano passado e pelo atraso na compra de vacinas contra o novo coronavírus.

O general comandou a pasta da Saúde no período mais agudo da pandemia de covid-19. De acordo com o depoimento do general da reserva, ele não foi o único responsável pelo avanço da covid-19 no Brasil, durante sua gestão à frente da Saúde.

Segundo ele, o colapso do sistema de saúde em Manaus no começo de 2021 ocorreu porque ele não foi acionado antes. Caso fosse, segundo ele, "teria agido", mas que só poderia atuar quando fosse solicitado.

Em abril do mesmo ano, o general foi realocado por Bolsonaro para um cargo na Secretaria-Geral do Exército. Naquela posição, Pazuello era responsável, entre outras coisas, por preparar as reuniões do Alto Comando do Exército, conduzir o processo de concessão de medalhas e assessorar o comandante do Exército.

O ex-assessor parlamentar e policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz em foto ao lado de Jair Bolsonaro. A imagem foi publicada no perfil do Instagram do ex-auxiliar em 21 de janeiro de 2013 - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
O ex-assessor parlamentar e policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz em foto ao lado de Jair Bolsonaro. A imagem foi publicada no perfil do Instagram do ex-auxiliar em 21 de janeiro de 2013
Imagem: Reprodução/Instagram

Pazuello tem 59 anos e fez carreira na área de logística do Exército. Antes, ele já havia sido secretário de Fazenda de Roraima entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019. Em 2020, foi nomeado secretário executivo do Ministério da Saúde pelo então ministro Nelson Teich.

"Um manda, o outro obedece". Pazuello assumiu o cargo de ministro da Saúde, primeiramente como interino, com a missão de implantar na gestão da pandemia as políticas defendidas por Bolsonaro.

Durante a gestão de Pazuello, mais de 260 mil pessoas morreram de covid-19. Foi em sua gestão que também houve o apagão de dados sobre a pandemia, que motivou a criação do consórcio de veículos de imprensa para garantir a transparência dos números sobre a pandemia, do qual o UOL faz parte.

Sobre sua gestão, ficou célebre a frase dita por Pazuello durante uma live com Bolsonaro: "Um manda, outro obedece". A declaração ocorreu depois de o general garantir a compra de doses da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantã em São Paulo, e ser desautorizado pelo presidente.

Processo no Exército. O lançamento informal da candidatura de Pazuello ocorreu durante uma motociata de Bolsonaro no Rio de Janeiro, em maio de 2021. O ex-ministro acompanhou o presidente em local de destaque durante todo o ato —que percorreu as zonas oeste e sul da cidade.

Ao chegarem a um trio elétrico montado no Aterro do Flamengo, zona sul da capital, Pazuello acompanhou Bolsonaro e fez um rápido discurso no ato. Ele foi elogiado por Bolsonaro: "Esse é o gordo do bem. É o gordo paraquedista. O nosso ministro conduziu com muita responsabilidade".

Por conta da participação em um ato político-partidário —o que é proibido para militares da ativa— Pazuello foi alvo de um processo disciplinar. No entanto, acabou absolvido por seus pares. O documento foi colocado sob sigilo de cem anos pelo Comando do Exército.

Já Fabrício Queiroz é apontado como operador da "rachadinha" —prática de repasses ilegais dos salários de funcionários— no gabinete de Flávio na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), na época em que o senador ainda era deputado estadual.

O caso levou o PM reformado a ser denunciado pelo MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, em novembro de 2020.

Flávio também foi denunciado, mas ambos negam irregularidades. A denúncia está parada desde então, em meio a impasses na Justiça envolvendo quebras de sigilo e o foro do senador.

Queiroz foi preso em 18 de junho de 2020 em Atibaia, no interior de São Paulo, em uma ação conjunta do MPRJ e do MPSP (Ministério Público de São Paulo). Depois, foi transferido para o Rio, onde passou cerca de 20 dias até ter a prisão convertida para domiciliar. Ele e a esposa, Márcia Aguiar, foram soltos após decisão favorável do STJ (Superior Tribunal de Justiça).