Em aceno a supremacistas, Trump defende menor miliciano que matou 2 pessoas
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De modo indireto e algo dissimulado, o presidente Donald Trump defendeu nesta segunda-feira o adolescente Kyle Rittenhouse, que matou dois homens e feriu um terceiro na madrugada da quarta passada em Kenosha, no Wisconsin, cidade que o republicano visitará amanhã.
Indagado por uma repórter se condenava o ato de vigilantes como Rittenhouse, Trump respondeu: "Aquela foi uma situação interessante. Você viu a mesma imagem que eu. Ele [Rittenhouse] tentava se livrar deles [os dois homens que foram mortos], eu penso, é o que me parece, que ele caiu e os outros o atacaram muito violentamente. É algo que estamos analisando agora, está sob investigação. Penso que ele teria um problema muito grande, provavelmente seria morto".
Ao evitar condenar a atitude do adolescente que carregava um fuzil semiautomático e integrava uma milícia que vigiava estabelecimentos comerciais de Kenosha, Trump envia um sinal perigoso que estimula ações ilegais de segurança pública. O presidente faz acenos para fascistas e supremacistas brancos. A defesa do jovem, de 17 anos, alega que ele agiu em legítima defesa. A polícia o acusa de homicídio e agressão.
Ao mesmo tempo, Trump gera controvérsia ao distorcer o que aconteceu, o assassinato de dois homens e a agressão a um terceiro por alguém que não deveria portar uma arma na rua. Ao criar confusão, ele tira a pandemia do centro do debate eleitoral e ainda pinta os democratas como contrários à polícia.
O governador de Wisconsin, Tony Evers, pediu que Trump desistisse de ir a Kenoscha nesta terça-feira para evitar o acirramento dos ânimos na cidade. Mas Trump confirmou a viagem.
Interessa ao presidente alimentar tensões no país, criando um ambiente no qual posa como um governante da "lei e ordem" e retrata o candidato democrata Joe Biden como "um socialista" refém da "esquerda radical". O republicano mentiu novamente ao dizer que Biden diminuirá as verbas da polícia. A narrativa de Trump é que a segurança pública vai piorar nas grandes cidades com uma vitória democrata nas eleições de 3 de novembro.
Basicamente, Trump usa a estratégia de amedrontar os eleitores, que deu certo em 2016 contra Hillary Clinton. Faz jogo baixo, mente e alimenta grupos fascistas. A Convenção Nacional República, que aconteceu na semana passada, teve ingredientes típicos do fascismo: defesa de um nacionalismo exagerado e superior a outros países, culto pessoal a um líder político e demonização dos adversários com mentiras e distorções da realidade.
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