Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
País viverá clima de confronto até eleições; democratas devem disputar ruas
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Os democratas não devem alimentar ilusões sobre o dia seguinte às manifestações golpistas de 7 de Setembro. A coisa só vai piorar até as eleições do ano que vem.
Bolsonaro sabe que perderá no voto e que a sua chance de permanecer no poder depende de um golpe de Estado. Só assim crimes praticados por ele e a sua família poderão ser acobertados.
Com a quantidade de crimes comuns e de responsabilidade cometidos até agora, há farta munição para a Justiça mandar Bolsonaro à prisão. Os filhos têm uma vida patrimonial inexplicável perante a polícia e o Ministério Público.
Nesse contexto, a única estratégia do presidente é alimentar a sua base fascista, com foco no agronegócio, evangélicos, militares e milicianos. O candidato a ditador cometerá nesta terça-feira mais um crime de responsabilidade para tentar assustar as instituições e a sociedade civil.
Bolsonaro dedicou as últimas semanas a mobilizar caravanas de apoiadores para os atos de Brasília e São Paulo. Quer imagens de multidões nas duas cidades para arrotar um poder popular que não tem.
As pesquisas mostram queda da popularidade e provável derrota eleitoral em outubro do ano que vem. No entanto, Bolsonaro planeja vender a ideia de que os números seriam falsos e de que ele teria o povo ao seu lado. Fake news.
O roteiro é o mesmo seguido por Donald Trump, que perdeu as eleições de 2020, não aceitou os resultados e ainda tentou dar um golpe nos EUA. O americano fracassou. A Justiça nem os militares de lá caíram na lorota golpista.
O plano autoritário de Bolsonaro também tende a fracassar. No Brasil, não há condições objetivas de sucesso devido ao desastre na economia, na política, na área social, no meio ambiente e na pandemia.
A economia, que já andava ruim, tende a piorar ainda mais com toda essa instabilidade golpista. O desemprego está nas alturas. Gasolina, botijão de gás e alimentos básicos estão custando o olho da cara. Crise hídrica e crise elétrica chegaram enquanto a pandemia ainda não se foi. Bolsonaro e seus ministros são incapazes de oferecer soluções para tantos problemas.
Logo, só resta ao genocida criar confusão e ameaçar dar um golpe com suporte dos setores mais atrasados do país, incluindo militares gulosos por acúmulos de rendimentos com cargos civis, pastores evangélicos que lucram com a fé do povo e empresários predatórios sem compromisso com os valores básicos de uma sociedade democrática.
A resposta política correta seria o Congresso aprovar o impeachment do presidente ou a Procuradoria Geral da República apresentar uma denúncia contra Bolsonaro. Mas é ingênuo apostar na lealdade à Constituição de figuras como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o procurador-geral da República, Augusto Aras.
Aqueles que ainda apelam a uma falsa equivalência entre Bolsonaro e Lula deveriam pensar se é mesmo viável uma terceira via nessa atmosfera de guerra entre civilização e barbárie. Uma união de todos os democratas contra a ameaça autoritária parece ser mais realista.
Depois deste 7 de Setembro, o Brasil viverá em clima de confronto até as eleições de outubro de 2022. A guerra política será parte da paisagem. Nesse cenário, os democratas terão de disputar a política, as redes sociais e as ruas com Bolsonaro e seus fascistas. Não haverá outra forma de salvar a democracia.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.