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Kennedy Alencar

REPORTAGEM

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Alckmin fará pontes com militares anti-PT; Lula ressuscitará Bolsa Família

Colunista do UOL

19/04/2022 12h23Atualizada em 19/04/2022 16h38

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Além das conversas com setores do agronegócio e do catolicismo conservador, o PT escalará o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), virtual vice de Lula, para fazer pontes com os militares. Alckmin tem relações com militares da reserva e da ativa de São Paulo.

Ex-ministros da Defesa, Jaques Wagner e Nelson Jobim também possuem contatos com militares. Lula, porém, tem ressaltado que essas conversas não devem tratar os militares como tutores da vida civil, mas como uma força de estado submetida à Constituição.

Ressurreição de políticas públicas

O PT despachou mais emissários para falar com o mercado. O ex-governador Wellington Dias e o ex-ministro Guido Mantega fizeram movimentos nesse sentido.

Na economia, o plano de Lula está claro: recuperar políticas públicas de distribuição de renda, ressuscitando o Bolsa Família nos moldes dos governos petistas. Ele também pretende fazer um grande plano de investimentos em infraestrutura a fim de gerar empregos.

Lula aumentará dívida pública na largada para estimular o crescimento da economia. Diz que, com um PIB (Produto Interno Bruto) maior, a dívida fica menor proporcionalmente. "A saída é crescer", tem afirmado.

O teto de gastos, já furado no governo Bolsonaro, acabará numa eventual gestão petista. Lula quer recuperar gastos em educação. No PT, há o diagnóstico de que a pandemia mais os desastrosos ministros de Bolsonaro no MEC agravaram a crise da educação no Brasil. Vai dar trabalho consertar os danos.

Fazenda e Planejamento

Em relação à economia, se eleito, Lula recriará as pastas da Fazenda e do Planejamento. Para o Ministério da Fazenda, ele pretende repetir a fórmula de 2002, quando optou por um político, Antonio Palocci Filho. Um ex-governador de Estado com histórico de responsabilidade fiscal é o perfil aventado hoje, mas ainda não há um nome definido.

Dor de cotovelo

Pegou mal no PT Guido Mantega ter dito que o Banco Central de Bolsonaro é melhor do que as formações nos governos do partido. No fundo, trata-se da velha rixa de Mantega com Henrique Meirelles, que Lula colocou na presidência do Banco Central. O ex-presidente Lula avalia que Meirelles foi fundamental, sobretudo no primeiro mandato.

Lula, inclusive, indicou Meirelles para ser ministro da Fazenda de Dilma, porque achava que era necessário um contraponto conservador na equipe econômica. Dilma não ouviu e deu no que deu. Mantega é um dos responsáveis pelos grandes erros de Dilma na economia. E Lula sabe disso.

Essa doeu

O PT avaliou como um ataque muito duro Ciro Gomes ter feito uma peça publicitária associando Lula ao "rouba, mas faz", a marca do governador paulista Adhemar de Barros. Por ora, a tendência é evitar debater com Ciro e não responder a ataques. Interessa a Lula manter pontes com o PDT, partido de Ciro.

Mas um coordenador da campanha petista lembrou o começo da carreira partidária de Ciro no partido da ditadura militar de 1964, a Arena (Aliança Renovadora Nacional). "Nasceu na Arena e para a Arena voltará!", disse.

A corrupção é um tema que aumenta a rejeição a Lula. O PT ainda não tem discurso para responder a esse tipo de ataque, tanto que celebrou a saída de Sergio Moro do páreo presidencial. Moro era uma pedra no sapato do petismo.

Na avaliação de um cacique petista, ao atacar Lula, Ciro ajuda Bolsonaro sem ganhar voto na esquerda. Sem esse eleitor, ele não chegaria ao segundo turno.

Acertou na mosca

Ao bloquear Bolsonaro no Twitter, a cantora Anitta deu uma aula de política. "Ai, garoto, vai catar o que fazer", ela escreveu, explicando que Bolsonaro procura polêmicas na sua estratégia de guerra cultural a fim de mobilizar uma fatia do eleitorado.

Símbolo de liberdade e empoderamento feminino, Anitta é um orgulho do Brasil que incomoda misóginos e homofóbicos como Bolsonaro.

Essas informações fizeram parte da rodada desta semana do podcast "O Radar das Eleições".