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No teto, desafio de Lula é evitar sangria para manter apelo pelo voto útil
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A nova pesquisa Datafolha mostra que o principal desafio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é evitar uma sangria de votos que evite a sua vitória em primeiro turno. A pesquisa feita ontem e hoje repete basicamente os resultados da realizada no fim de maio.
Ou seja, Lula parece ter atingido o seu teto de votos. Tinha 48% no fim de maio. Oscilou um ponto negativamente agora e tem 47%. O presidente Jair Bolsonaro, que tinha 27% na pesquisa anterior, oscilou positivamente um ponto percentual. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
A boa notícia para Lula é que ele venceria a eleição no primeiro turno se o pleito fosse hoje. Mas acontece que não é. Ele tem 47% contra 41% da soma dos adversários —seis pontos percentuais, uma margem estreita numa campanha que ainda tem pouco mais de três meses até o primeiro turno em 2 de outubro.
O principal desafio do petista é não perder votos. Para tanto, terá de passar pelo período mais intenso da campanha, no qual será atacado duramente. Bolsonaro prepara seu arsenal de fake news e distorções para tentar aumentar a rejeição do petista.
Lula também precisa evitar os erros que comete por conta própria. Na semana passada, por exemplo, fez menção a uma articulação durante o governo FHC para enviar sequestradores do empresário Abílio Diniz para cumprir pena em seus países. Bolsonaro e seus apoiadores aproveitaram o episódio para dizer que o petista defende bandidos. Por iniciativa própria, Lula forneceu munição ao adversário e permitiu que uma ação humanitária fosse descrita como proteção a criminosos.
Em 2002, quando Lula foi eleito pela primeira vez, não havia repercussão tão imediata de declarações desastradas ou infelizes. Vinte anos depois, com redes sociais e filmagens de celular ao vivo, qualquer fala mal calibrada pode dar oportunidade a ataques de adversários, especialmente de um presidente da República que usa a mentira como arma política.
Para a chamada terceira via, a nova pesquisa Datafolha é mais uma ducha de água fria. Ciro Gomes (PDT) oscilou positivamente um ponto percentual. Tinha 7% no fim de maio. Marcou 8% no levantamento feito ontem e hoje.
Simone Tebet (MDB), com 1%, vem atrás numericamente de André Janones (Avante), que obteve 2%.
Com a campanha chegando aos três meses finais, Ciro e Tebet correm o risco de perder apoio num segmento do eleitorado que decida pelo voto útil no primeiro turno a fim de tentar liquidar logo a fatura. Lula conta com esse movimento de voto útil para vencer na primeira rodada. No entanto, para manter vivo o argumento do voto útil, a primeira tarefa é não perder os votos com os quais já conta.
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