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Bolsonaro tem culpa por desaparecimento na Amazônia; ele precisa ser punido
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A degradação das instituições, a tragédia social e o desastre econômico produzidos pelo governo Bolsonaro pavimentam o caminho para a derrota eleitoral do presidente em outubro, com boa chance de a fatura ser liquidada no primeiro turno.
Se a punição política está contratada nas urnas eletrônicas, como apontam as pesquisas, é preciso penalizar Jair Bolsonaro para além das eleições.
O acordo com o Centrão garantiu a Bolsonaro a proteção política para evitar o impeachment, jogando na lixeira crimes de responsabilidade em série. A submissão do procurador-geral da República, Augusto Aras, ao bolsonarismo impediu até agora que o presidente respondesse na Justiça por seus inúmeros crimes comuns.
Passadas as eleições e a posse de um novo governo, as instituições precisam punir penalmente Bolsonaro. Passar pano para quem degradou a função presidencial com tanto afinco não será pedagógico do ponto de vista institucional.
Bolsonaro estabeleceu um padrão miliciano na Presidência. Não podem ser normalizadas a desenvoltura com a qual diz que não cumprirá ordens do Supremo Tribunal Federal, as ameaças frequentes de golpe de Estado e a falta de decoro diária no exercício do cargo.
"Ah, mas o presidente é esquentado mesmo. É o jeito dele. Ele desabafou e passou do limite, se descontrolou", avaliam democratas de pandemia. "Mas os aliados dizem que não tem risco de golpe. Muitos assessores aconselham Bolsonaro a ser empático e se comunicar melhor, para humanizar a sua imagem", costuma dizer certo jornalismo.
Tratar Bolsonaro como um presidente que pode fazer o que faz é normalizar todos os seus crimes de responsabilidade e delitos comuns. Ele agravou a pandemia, piorou a economia, aumentou a violência no campo e desmantelou políticas públicas que levaram décadas para serem consolidadas (educação, saúde da mulher, respeito às minorias). Bolsonaro piorou a vida dos brasileiros, sobretudos dos mais pobres.
O desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista Dom Philips não é uma fatalidade ou um caso isolado. Tampouco o assassinato de Genivaldo de Jesus numa câmara de gás improvisada numa viatura por policiais rodoviários federais. Os desaparecidos, segundo o presidente, decidiram correr um risco desnecessário. Genivaldo de Jesus foi chamado de "marginal" por Bolsonaro. O atual presidente tem grande dose de culpa nesses casos.
A selvageria que campeia no país é reflexo direto das ações de Bolsonaro para estimular o armamento da população civil, incentivar o garimpo ilegal e a invasão de reservas indígenas, avalizar a violência policial, ameaçar a democracia, perseguir minorias, fortalecer o racismo e o machismo estruturais. A lista é extensa.
As mãos de Bolsonaro estão sujas de sangue. Ele precisa ser punido na forma da lei, como um exemplo para evitar que outros presidentes cedam à tentação de degradar nossa democracia e cometer crimes no Palácio do Planalto.
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