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Kennedy Alencar

REPORTAGEM

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Carta da democracia impulsiona aproximação de Janones, Bivar e MDB com Lula

André Janones, que também disputa o Planalto, tem conversado com Lula - Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
André Janones, que também disputa o Planalto, tem conversado com Lula Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Colunista do UOL

29/07/2022 11h01Atualizada em 29/07/2022 14h15

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A repercussão política e a adesão crescente à "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito" impulsionaram conversas do PT com Avante, União Brasil e MDB em torno do apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno da eleição, independentemente de aliança oficial.

Há conversas em curso com André Janones (Avante), com quem Lula trocou mensagens nas redes sociais, e com Luciano Bivar (União Brasil). Com o MDB, existe um movimento da ala lulista do partido para que a legenda desista da candidatura de Simone Tebet em nome do enfrentamento já na primeira etapa da eleição às ameaças de ruptura democrática feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

A "Carta às brasileiras e brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito" surpreendeu o PT pela atração de personalidades que divergiram de maneira forte no passado recente das posições do partido. Até a tarde desta sexta-feira, mais de 400 mil pessoas já haviam assinado o documento, cuja adesão continua crescendo.

Apesar do caráter apartidário da carta, no sentido de não tomar posição a favor de um candidato, o efeito prático reforça as articulações do PT para criar na opinião pública e na sociedade civil uma onda de voto útil a favor de Lula. Uma iniciativa da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), a carta é uma resposta aos ataques de Bolsonaro à Justiça Eleitoral, às urnas eletrônicas e às ameaças de golpe.

Diante dos números da última pesquisa Datafolha, que apontou que Lula teria 52% dos votos válidos se a eleição fosse hoje, a campanha petista avalia que menos candidaturas ao Palácio do Planalto poderiam ajudar Lula a se eleger na primeira etapa. Nesse contexto, as conversas com Janones, Bivar e setores do MDB ganharam mais importância.

Se Janones e Bivar saírem da corrida presidencial, ainda que seus partidos não oficializem apoio a Lula por projetos estaduais, o petista aumentaria a chance de vitória no primeiro turno.

A atual troca de mensagens nas redes sociais entre Lula e Janones é sinal de como as conversas avançaram rapidamente. Os dois se reuniram no começo do mês em Brasília.

Parece que vai dar samba

O baile entre Lula e Janones anda quente nas redes sociais. Hoje, Janones postou: "Bolsonaro me bloqueou, Ciro não aceitou encontrar comigo, Tebet ignorou por completo minha existência, enquanto aquele que lidera as pesquisas pediu publicamente pra conversar comigo. Humildade e democracia andam lado a lado. Convite aceito. Vamos conversar @lulaoficial".

O ex-presidente não perdeu tempo e respondeu: "Combinado. Política se faz com diálogo e juntando pessoas pelo bem comum. Vou te ligar".

Com Bivar, há uma articulação para que ele se candidate a deputado federal em Pernambuco com apoio de setores do PT e do PSB para tentar conquistar uma vaga na Câmara.

No MDB, a ala a favor de Simone Tebet obteve vitória política nesta semana ao evitar o adiamento da convenção do partido. No entanto, as conversas para convencer o MDB têm o seguinte mote: como o partido fez no passado na redemocratização, marcharia agora com Lula em nome da defesa da democracia contra a ameaça autoritária de Bolsonaro.