Ataques de Israel podem transformar sul do Líbano em nova Faixa de Gaza
Os ataques de Israel podem transformar o sul do Líbano em uma nova Faixa de Gaza, afirmou o colunista do UOL Kennedy Alencar no Análise da Notícia. Militares israelenses começaram uma operação por terra na madrugada de terça no Líbano. Israel afirma que a incursão mira alvos ligados ao Hezbollah.
A encrenca é grande em várias frentes. Primeiro, o sul do Líbano pode virar uma nova Faixa de Gaza. A gente está vendo acontecer no sul do Líbano e no Líbano cenas que a gente viu em Gaza. Primeiro ia ser uma incursão no norte de Gaza, manda as pessoas saírem. O que resultou nisso? Um genocídio e um deslocamento de dois milhões de pessoas. Já tem um milhão de pessoas deslocadas lá no Líbano.
O risco de um conflito regional claríssimo. O Irã resolver atacar Israel, já há ataques de Israel ao Iêmen, a Síria, ao Líbano, a Faixa de Gaza e a forma como eles tratam a Cisjordânia. O que está acontecendo ali é terror de Estado. Nós temos um governo extrema direita no comando de Israel que resolveu barbarizar. Terrorismo de Estado, eu reputo como o mais grave do que o terrorismo puro e simples, que é um Estado agindo como terroristas agem. É isso que está acontecendo, é isso que a gente viu em Gaza.
Kennedy destacou que o governo de Israel está agindo com métodos terroristas e isso precisa ser condenado.
O Hezbollah tem extremistas, comete atentados terroristas, não se faz uma defesa do Hamas e do Hezbollah, mas nós temos um Estado, temos um governo agindo com método terrorista e isso a gente tem que condenar.
A gente está assistindo agora, por enquanto, a crimes de guerra. O genocídio está em curso lá em Gaza. A gente tem mais de mil pessoas mortas no Líbano, mais de cem crianças mortas. As primeiras cenas lá sugerem que a gente vai ver a repetição do que aconteceu em Gaza. Olha só: bombardeio a vila como teve no norte de Gaza, ordem de evacuação de prédios, agora para vilas e para prédios lá. No meio da noite. É cruel. É terrorismo. Isso gera terror, gera pânico nas pessoas. Todo o roteiro do deslocamento de dois milhões de pessoas que nós vimos lá em Gaza está se repetindo agora.
Kennedy afirmou que os danos colaterais de uma guerra não podem ser normalizados.
A gente não pode normalizar o dano colateral. As pessoas estão morrendo, isso é uma matança que está acontecendo lá. Então é importante deixar claro e é importante que isso tivesse presente na cobertura, inclusive, da imprensa brasileira. E, no meio disso tudo, tem essa ordem do Lula para começar o resgate dos brasileiros lá, evacuação para quem quer sair, eventualmente para uma capital no Oriente Médio, da Europa, com outra cidade, e repatriação para quem quer voltar no Brasil, por hora tem uma estimativa de 3 mil brasileiros. O governo está dizendo que quem puder sair, saia pelo aeroporto de Beirute, que está liberado, tem voo comercial, e libere um lugar no avião que vai mandar para quem é pobre, para quem não tem recursos para sair de lá e está desesperado.
Kennedy Alencar, colunista do UOL.
O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.
Veja abaixo o programa na íntegra:
11 comentários
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Jaime Cohen
O Hezbollah fará do Líbano o mesmo que o Hamas fez de Gaza, infelizmente. O exército libanês não é capaz de parar o Hezbollah, portanto Israel deve fazê-lo. Não fosse o Hezbollah, Israel e Líbano teriam um tratado de paz como Israel tem com Egito, Jordânia, Emirados Árabes, Bahrein e terá com quem quiser viver em paz. O Hezbollah lançou 9000 foguetes, mísseis e drones contra Israel nos últimos 11 meses. Isso tinha que acabar. O mundo fez pouco ou quase nada para frear os inimigos de Israel e evitar a escalada. Em particular, a ONU nada fez para que o Hezbollah cumprisse sua resolução que o impede de ter presença militar próxima a fronteira.
Nelson Jose Cunha
Gostaria de saber desses ilustres jornalistas o que diriam se o Paraguai lançasse foguetes todos os dias na cidade de Maringá, Foz e Cascavel anos seguidos. Uma reação brasileira invadindo o Paraguai para desmontar as bases dos atacantes mereceria desses ilustres jornalistas a mesma repulsa que demonstram contra Israel? E quando os atacantes montam uma base de lançamento de foguetes no pátio de uma escola ou hospital? Haverá uma tecnologia que atinja somente o terrorista e poupe sua esposa dormindo na mesma cama? Os ilustres jornalistas já criticaram o Putin por matar a população civil da Ucrânia sem que este país tenha algum dia invadido a Russia e degolado bebês?
Carlos Enescu
Caso o H4m4s não tivesse invadido Israel, assassinado 1.200 israelenses e sequestrado outros 250, nada disso teria ocorrido. O Irã é o maior financiador do terr0rism0 no mundo.