"Índio tá evoluindo", diz Bolsonaro ao demonstrar que está regredindo
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"O índio mudou, tá evoluindo. Cada vez mais o índio é um ser humano igual a nós", afirmou o presidente da República Federativa do Brasil, em vídeo divulgado nas redes sociais, na noite desta quinta (23).
Indígenas sempre foram seres humanos iguais aos demais. Quem, por outro lado, revela-se cada vez mais um ser humano pior é o próprio Jair Bolsonaro. A ponto de nos fazer acreditar que ele é parte de uma espécie de elo perdido do Homo Sapiens, o Homo Bolsonaris.
Em seu mundo limitado, essa espécie surreal, o Homo Bolsonaris, se vê como a linha de chegada do progresso: uma variação racista, machista, miliciana, filhocrata e despótica dos semoventes que habitam este planeta.
O Homo Bolsonaris acredita que determinados povos são mais atrasados do que outros simplesmente por adotarem outro modo de vida e terem cultura diferente. Do alto do seu maniqueísmo, não consegue compreender a complexidade da vida em sociedade. Para ele, quando um indígena assiste à TV ou usa um celular deixa de ser indígena e precisa ser acudido. Ou melhor, salvo.
O Homo Bolsonaris quer ser messias. Por isso, acredita que é seu dever pegar esses povos pelas mãos e guia-los para o futuro - a sua visão estreita e monocromática de futuro.
O Homo Bolsonaris dilapida o amanhã de seus netos em nome do lucro rápido e da ignorância de seus apoiadores. O irônico é que os territórios indígenas contam com as mais altas taxas de proteção de vegetação nativa, garantindo o futuro das próximas gerações.
A declaração de Bolsonaro sintetiza sua visão de mundo, dotada de um anacronismo atávico, que traz consigo um conceito de progresso civilizacional abandonado há muito tempo. O problema é que o presidente entende como desvio, atraso ou aberração qualquer modo de vida diferente do dele.
O que o torna uma pessoa bastante perigosa.