Leonardo Sakamoto

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Reportagem

Prisão mostra que crime, política e polícia andam juntos no Rio, diz Freixo

Além de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, e do deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), suspeitos de serem mandantes da execução de Marielle Franco, em 2018, a operação da Procuradoria-Geral da República, da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio também prendeu, neste domingo (24), o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa.

"As prisões de hoje são muito reveladoras do Rio: Tribunal de Contas, Câmara dos Deputados e Polícia Civil. Crime, polícia e política andam de mãos dadas no Rio. Isso estava na CPI das Milícias, na Assembleia Legislativa, em 2008, e hoje ajuda a explicar o caso Marielle", afirmou à coluna o presidente da Embratur e ex-deputado federal Marcelo Freixo.

Freixo era uma das pessoas mais próximas à vereadora executada em 14 de março de 2018, no centro da capital fluminense. Ele lembra que há três perguntas a serem respondidas sobre o caso: quem matou, quem mandou matar e quem não deixou investigar.

Os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz estão presos por serem executores do crime. Queiroz fez uma delação premiada, o que empurrou Lessa a fechar um acordo com a Polícia Federal, homologado por Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal.

Isso teria sido fundamental para entregar os nomes dos mandantes. O nome de Domingos Brazão já havia aparecido antes nos inquéritos, inclusive em uma investigação da Polícia Federal sobre tentativa de obstrução do caso. Rivaldo Barbosa teria recebido propina para atrapalhar as investigações e garantido, desde o início, proteção aos criminosos.

Marcelo Freixo conta que o ex-chefe da Polícia Civil foi a primeira pessoa para quem ele ligou assim que soube da execução da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes, na emboscada no centro do Rio. Ele tinha sido alertado sobre o ocorrido por informações dadas por Fernanda Chaves, assessora do PSOL que estava no carro que foi metralhado e sobreviveu.

"Assim que soube da morte da Marielle, liguei para ele, pois era o chefe da polícia. Foi ele quem mandou os agentes ao local. E, após o velório e o enterro, ele recebeu a mim e à família, prometendo a solução do crime", conta Freixo.

Em 2019, o UOL revelou que a Polícia Federal havia afirmado, em um relatório reservado ao MP-RJ, que o delegado Rivaldo Barbosa deveria ser investigado pela suspeita de ter recebido propina no valor de R$ 400 mil para evitar que fossem conhecidos os reais culpados pelas execuções. A informação teria surgido de interceptação telefônica do miliciano Jorge Alberto Moreth com o vereador Marcello Sicilliano.

Na época, Barbosa negou que tenha sido subornado.

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