Leonardo Sakamoto

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Opinião

Campanha usará imagem de Trump ferido, e isso pode reforçar seu favoritismo

Após tiros serem ouvidos em um comício na Pensilvânia, nos Estados Unidos, neste sábado (13), o ex-presidente Donald Trump surgiu ferido com sangue na orelha e na bochecha. Foi imediatamente protegido e retirado do palco pelo serviço secreto, ainda tendo tempo para erguer o punho cerrado para o ar. Ele está bem.

Uma investigação dirá o que, de fato, aconteceu, quem foi o responsável e o motivo. Mas duas coisas podem ser ditas neste momento:

1) A imagem de Trump ferido já viralizou nas redes sociais e será usada ad nauseam por sua campanha para gerar empatia e reforçar a narrativa de que ele é perseguido. Nomes conhecidos entre os políticos democratas prestam solidariedade ao republicano. Com isso, pode conseguir muitos votos e reforçar seu favoritismo na eleição de novembro.

Para efeito de comparação sobre a força de um atentado, em 6 de setembro de 2018, o então candidato Jair Bolsonaro foi alvo de um durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG). A facada que levou de Adélio Bispo, um lobo-solitário com problemas mentais, gerou uma onda de empatia a seu favor que contribuiu com a sua eleição. Ele também soube usar isso a seu favor, evitando debates e eventos.

2) Os Estados Unidos reforçam sua imagem como país dos tiroteios, em que comprar uma arma é mais fácil do que adquirir um carro. Isso vai ser usado na campanha eleitoral para pressionar a classe política a tornar mais rígida a regulamentação do acesso a armamentos e munição - mudança que é negada sistematicamente pelos conservadores.

É mais fácil Joe Biden ser reeleito do que ser aprovada uma restrição a armas.

Trump empurrou seus seguidores contra o Congresso norte-americano para uma tentativa de golpe fracassada em 6 de janeiro de 2021. Dois anos depois, Bolsonaro empurrou seus seguidores para uma tentativa de golpe fracassada contra as sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.

O Brasil havia copiado os Estados Unidos na tentativa de golpe, agora os Estados Unidos copiam o Brasil no atentado ao candidato de extrema direita?

A depender do que apontarem as investigações, a eleição pode ter acabado neste sábado.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL