Popular entre eleitor de Tarcísio, Marçal põe em xeque poder de governador
O triplo empate técnico entre Guilherme Boulos (26%), Ricardo Nunes e Pablo Marçal (24%), no Datafolha, desta quinta (3), com o prefeito perdendo três pontos na última semana e o influenciador achando todos os três, leva à discussão sobre os cabos eleitorais. Tarcísio, Lula e a tropa de choque bolsonarista, quem é mais efetivo na reta final?
Apontados por alguns analistas como padrinho de luxo, Tarcísio de Freitas colou em Nunes, mas isso não vem se traduzindo em votos neste momento. Talvez o crescimento que havia sido creditado ao governador, na verdade, havia sido a ação da base do prefeito na Câmara dos Vereadores junto com suas lideranças comunitárias, da montanha de recursos gastos pela prefeitura em obras de última hora e de anúncios avassaladores contra Marçal na TV.
Entre os eleitores do próprio Tarcísio, Marçal e Nunes empatavam em 40% na preferência na semana passada. Agora, o ex-coach foi a 46% e o prefeito a 35%, segundo o Datafolha. Isso é ruim para Nunes, mas também para o governador, pois indicaria que ele ainda não tem luz própria, dependendo daquela que vem do bolsonarismo.
Por outro lado, Jair Bolsonaro não entrou de cabeça na eleição paulistana. Se ficasse ao lado de Nunes, seria ignorado por seus seguidores mais radicais que se identificam com Marçal. E, se abraçasse o ex-coach, bateria de frente com todos os seus compromissos políticos assumidos e aceleraria a própria derrocada. Sim, Marçal, ao que tudo indica, pode ser o próximo jóquei a cavalgar a extrema direita, tal qual Jair um dia assim o fez. Mas a sela só tem espaço para um.
Isso não significa que a tropa de choque bolsonarista não entrou em ação. Nomes com o dos deputados Carla Zambelli, Nikolas Ferreira e até Ricardo Salles, cujo partido tem uma pessoa na disputa (Marina Helena), estão atuando para guiar votos do bolsonarismo-raiz de Nunes para Marçal a fim de empurrá-lo ao segundo turno. É ideológico, mas também pragmático. Eles sabem que o bolsonarismo vai passar por um processo de renovação e não querem ficar de fora.
Na semana passada, 43% dos eleitores de Bolsonaro em 2022 estava com Marçal e 39% com Nunes. Agora, a vantagem cresceu e foi a 51% a 32%, segundo o Datafolha.
A campanha de Marçal mudou de postura, deixando o vitimismo da cadeirada de lado e até partiu para a agressão física do marqueteiro de Nunes, no debate do Flow, o que anima o seu eleitorado radical? Sim. Mas também está contando com uma ajuda valiosa da tropa de choque.
Por fim, havia grande expectativa nas fileiras da esquerda paulistana sobre a transferência de votos de Lula para Boulos, considerando que o presidente é mais bem avaliado por aqui do que o seu antecessor. Há quem, na campanha, defenda que a transferência ocorreu, mas que o deputado não disparou porque a eleição está extremamente disputada, com Nunes roubando votos que seriam do petismo na periferia de São Paulo, puxando para si a geração de empregos.
Defendem, portanto, que esses votos, em caso de segundo turno, cairão no colo de Boulos. Mas não é possível a campanha esconder um certo nível de frustração. Em Brasília, o entorno do presidente lembra que Lula 3 tem mais idade do que Lula 1 e 2 e mais problemas na esfera federal para resolver. Além disso, também está sendo cobrado sobre a participação em outras campanhas do país e tem receio de que ao fazer para um, terá que fazer para todo.
A questão é que São Paulo é maior do que a maioria dos estados da federação. Se ele pretende tentar se reeleger em 2026, terá que fazer mais esforço pela joia da coroa do orçamento nacional. Mais do que participar de lives e fazer caminhadas na avenida Paulista.