Letícia Casado

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Reportagem

Defensor da cloroquina, Musk se reuniu com Bolsonaro em 2022

Em maio de 2022, o bilionário Elon Musk viajou ao interior de São Paulo para se reunir com o então presidente Jair Bolsonaro (PL).

O sul-africano foi chamado pelo brasileiro de "mito da liberdade" por causa da negociação que Musk travava para comprar o Twitter. Uma das promessas do empresário era reativar a conta do ex-presidente americano Donald Trump, que estava bloqueado por propagar notícias falsas que teriam incentivado a invasão do Capitólio, em janeiro de 2021.

A simpatia mútua entre Musk e Bolsonaro começou, porém, bem antes do encontro no interior de São Paulo.

O bilionário já havia indicado uma mudança de seu posicionamento político para a direita. Em um tuíte, disse que já havia votado no Partido Democrata, mas que votaria no Republicano, de Trump, de quem Bolsonaro se considera aliado.

Em meio à crise política na Bolívia, Musk havia feito uma provocação a Evo Morales, alvo de críticas de Bolsonaro: "Vamos dar golpe em quem quisermos. Lide com isso".

Defesa da cloroquina

Musk foi um dos percursores na defesa da cloroquina para combater a covid-19. Em 16 de março de 2020, cinco dias após a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretar pandemia, Musk "lançou" no Twitter a ideia de usar o remédio para combater o vírus e disse que foi "salvo pelo tratamento" — contraindicado para o combate da doença.

"Pode ser válido considerar cloroquina para C19", publicou em um tuíte, com link para uma pesquisa sobre o tema. No dia seguinte, fez o mesmo com a hidroxicloroquina.

Em 19 de março, três dias depois da postagem de Musk, o então presidente americano Donald Trump anunciou que a FDA (agência reguladora de medicamentos dos EUA) iria começar a testar a eficácia da cloroquina no tratamento contra covid.

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Bolsonaro abraçou a causa e defendeu a cloroquina até o fim da pandemia, mesmo após cientistas afirmarem que o tratamento é ineficaz para combater o vírus.

Satélite na Amazônia

À época da viagem ao Brasil, Musk negociava a operação de satélites de órbita baixa no Brasil. Segundo a gestão Bolsonaro, a internet via satélite na Floresta Amazônica ajudaria a detectar o desmatamento ilegal.

No entanto, o efeito foi o oposto. No ano passado, o UOL mostrou que as antenas da empresa têm sido vendidas até para garimpos ilegais na Amazônia, o que é considerado um novo obstáculo no combate ao crime pelos ambientalistas.

Depois da reunião com o empresário em São Paulo, Bolsonaro usou uma metáfora repetida em diferentes ocasiões ao longo de seu governo para se referir à relação com Musk: "É o início de um namoro. Tenho certeza de que vai acabar em casamento brevemente".

Com a crise instalada no fim de semana por causa dos ataques de Musk ao ministro do STF Alexandre de Moraes, o governo informou que os contratos podem ser revistos.

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