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Ratinho ri após Lula chamar Bolsonaro de "ignorantão": "Você encanta"
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No último encontro com os principais candidatos à Presidência, nesta quinta-feira (22), Ratinho tentou entrevistar Lula (PT), mas não conseguiu. Muito à vontade e bem-humorado, o ex-presidente fez o apresentador rir várias vezes. Até mesmo quando Lula chamou Bolsonaro (PL) de "ignorantão". "Você encanta", disse Ratinho.
Ratinho começou dizendo que o seu encontro com os presidenciáveis "não é um programa para fazer uma inquisição com nenhum candidato; é pra conversar, bater papo". Como nas entrevistas com Bolsonaro, Ciro (PDT) e Tebet (MDB), o apresentador levantou inúmeras bolas para Lula cortar. O que ele não contava, talvez, é que o ex-presidente estivesse tão atento e afiado.
Quando Ratinho disse que "o seu governo não fez ferrovia", Lula respondeu com vários exemplos, obrigando o apresentador a concordar. "Ah, essa foi feita". E corrigir a pergunta: "Vai fazer mais ferrovias?"
Em outro momento, Ratinho reproduziu uma propaganda de Bolsonaro, dizendo que "a gasolina está mais barata (no Brasil) do que na Inglaterra". Trata-se de uma afirmação que não leva em conta as diferenças de renda da população entre os dois países. Mas Lula ignorou a observação.
Lula defendeu que a ex-presidente Dilma foi vítima de um golpe, levando Ratinho a dizer, como que concordando: "Até hoje não sei o que é pedalada".
O ex-presidente mostrou ter assistido às três entrevistas anteriores de Ratinho. Após o apresentador citar um comentário de Ciro Gomes, Lula disse: "Acho que o Ciro tá surtando".
Ratinho fez algumas perguntas que poderiam ser vistas como cascas de banana para Lula escorregar, mas o candidato do PT não tropeçou. "Você sendo presidente, os sem-terra não vão se sentir mais à vontade para invadir?" O ex-presidente respondeu sobre regularização de terras quando foi presidente. E emendou falando sobre alimentação, levando Ratinho a rir com o comentário: "Vamos voltar a comer picanha", disse Lula.
Quando Ratinho evocou a crise econômica na Argentina, e "em todos os países ligados à esquerda", Lula respondeu falando da prosperidade durante os seus governos: "Até você era mais feliz, Ratinho. O seu público sabe que comia melhor". Ratinho respondeu: "Eu ganhava mais naquela época".
Dando voz aos que acusam Lula de beber cachaça durante eventos públicos, Ratinho perguntou: "Aquela garrafinha é água? Ou tem uma cachacinha?" Lula respondeu que era água, mas lembrou: "Gosto de uma cachacinha. Já tomamos juntos".
Ao falar sobre a pandemia de coronavírus, Lula discorreu longamente sobre a gestão do presidente Bolsonaro, sem que Ratinho o interrompesse. Mais de uma vez chamou o presidente de "ignorante", "ignorantão" e "chucro". E, concordando com o ex-presidente, o apresentador disse sobre Bolsonaro: "Muita gente está deixando de votar nele por causa do jeito".
A série "Candidatos com Ratinho" foi produzida pela área de entretenimento do SBT, não pelo jornalismo.
Políticos à vontade
Ratinho sempre tratou políticos a pão de ló em seu programa. Em 2012, após receber Lula, escrevi: "Ratinho tratou Lula não com a educação e o respeito que merece um ex-presidente, mas com a reverência que se dedica aos santos. Parecia estar contemplando uma figura divina, intocável, não um político de carne e osso, no pleno exercício de promoção eleitoral".
Mas o tratamento ao governo Bolsonaro tem sido especial. Ainda em 2019, o apresentador foi um dos contemplados com contratos para fazer propaganda oficial em seu programa. Ao longo destes quatro anos, Ratinho tem sido muito receptivo ao governo. Vários ministros, entre os quais o então "herói" (palavras do apresentador) Sérgio Moro, filhos do presidente e o próprio Bolsonaro já foram defendidos com entusiasmo pelo apresentador e deram entrevistas camaradas.
No primeiro semestre deste ano, Ratinho voltou a usar o seu programa para dar uma mão ao presidente Bolsonaro. Ele convidou o economista Pablo Spyer, apresentador da TV Jovem Pan, para falar sobre o preço da gasolina — um tema de programa jornalístico, não de entretenimento. Spyer repetiu o discurso governamental sobre o assunto, realçando que se trata de um problema global, e não apenas brasileiro. O economista também falou de corrupção na Petrobras no governo de Dilma Rousseff (PT).
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