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Mauricio Stycer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Um dia após a vitória de Lula, Globo e Record descrevem países diferentes

 30.out.2022 - Lula durante discurso da vitória na avenida Paulista - Reprodução
30.out.2022 - Lula durante discurso da vitória na avenida Paulista Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

31/10/2022 21h09

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O resultado da eleição presidencial de domingo, que mostrou um país dividido, se refletiu na cobertura jornalística da vitória de Lula (PT) sobre Bolsonaro (PL) nesta segunda-feira (31). Globo e Record descreveram países diferentes na abertura dos seus respectivos telejornais, "Jornal Nacional" e "Jornal da Record".

A Globo deu maior espaço aos aspectos positivos, como a visita do presidente da Argentina a Lula, os cumprimentos de líderes mundiais, a fala do presidente dos Estados Unidos, o convite do vice-presidente, Hamilton Mourão, ao vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, a criação de um comitê para garantir a transição e o gesto do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que se colocou à disposição para conduzir a transição, além do silêncio do presidente Bolsonaro.

Já a Record destacou apenas problemas supostamente associados à vitória do agora presidente eleito, Lula. O "Jornal da Record" enfatizou os protestos de caminhoneiros, um saque numa central de abastecimento no Rio e a queda de ações de empresas estatais. O telejornal também registrou que "o presidente Bolsonaro não deve questionar o resultado da eleição" e anunciou que o "governador eleito de São Paulo fala de planos para a educação".

Band e SBT fizeram coberturas equilibradas. Ambas registraram o resultado apertado da vitória de Lula e observaram o caráter inédito da derrota de Bolsonaro, a primeira de um candidato à reeleição. Os dois telejornais também se referiram aos protestos dos caminhoneiros, mas sublinhando os problemas causados à população. A Globo enfatizou o caráter antidemocrático dos bloqueios nas estradas.

O "Jornal da Band" chegou a fazer um editorial a respeito, cobrando uma atitude do presidente Bolsonaro. "A gente não está diante de uma manifestação dos caminhoneiros, mas de uma arruaça feita por caminhoneiros, que estão fazendo algo que a lei proíbe, que é fechar estradas. Como não dá para cobrar bom senso de baderneiros, a gente tem que cobrar a intervenção imediata de quem tem a responsabilidade por tudo isso: o presidente da República. É ele, Jair Bolsonaro, que deve fazer os esforços políticos e policiais para que a sociedade recupere o que ninguém pode tirar dela, o direito de ir e vir", leu o âncora Eduardo Oinegue.