Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Comitiva bolsonarista viaja atrás de foto, passa vergonha e pia fino
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Confinada em um hotel durante visita a Israel, neste final de semana, a patética comitiva brasileira, liderada pelo ministro Ernesto Araújo, mostra que fala grosso e segue o que seu mestre manda apenas no Brasil.
Negacionista de carteirinha, personagem que confirma exceção à regra do Itamaraty - que historicamente tem nos seus quadros pessoas de qualidade intelectual e discernimento -, o tal Ernesto também é um deboche institucional. "Oh! Yes!", responde ao ser advertido publicamente da obrigação de usar a máscara naquele país.
Quando perguntado sobre o atual descontrole da pandemia no Brasil, recorre ao mantra do chefe, de que o governo federal pouco pode fazer para conter a pandemia, porque a Justiça transferiu a responsabilidade aos estados.
A interpretação seletiva das decisões judiciais que definem obrigação de estados e municípios é a tentativa desesperada de evasão da responsabilidade do governo federal, tentando tampar o sol com a peneira e fechando os olhos para os milhares de mortos e para o colapso do sistema de saúde.
É um deboche para com o país que o filho 03 do capitão, cuja credencial de fritador de hambúrguer o fez ambicionar o posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos, agora brinque de diplomata, passando o final de semana em Tel Aviv, para buscar um spray, com teste inicial em 30 pessoas, como tratamento da covid-19 no Brasil.
Não precisava ir tão longe. Os estudos serão publicados e cientistas sabem ler e entendem de pesquisa. Ninguém, na patética comitiva, entende desses assuntos e não teve acesso a locais de estudo.
Os dez viajantes, que foram conhecer o spray "milagroso" para fazer uma foto para as mídias sociais, querem mostrar a seus seguidores que estão correndo atrás. De fato, estão correndo muito atrás de países como Israel, que acredita na ciência, faz distanciamento, exige o uso de máscara e vacinou mais de 50% da população. No Brasil, faltam vacinas. Por omissão, inépcia e negacionismo, faltam vacinas.
Democracias morrem, como as pessoas, vítimas da sonolência de guardiões dos portões, que não impõem limites à incúria de um "messias", capitão reformado, imbrochável e castrado, em busca do discurso do milagre, do mágico, enquanto desdenha da morte de mais de 265 mil brasileiros, vítimas da covid-19.
Chorar até quando? Até quando os guardiões da democracia não acordarem.
São o Congresso e tribunais os guardiões dos portões, que fazem o contrapeso para que se evitem os descalabros do candidato a ditador, ao se arvorar a golpear de morte a democracia. Porém, para que o ânimo de falastrão seja contido é preciso coragem política.
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, quer contemporizar - nega oportunidade a uma CPI da Saúde. Será engolido pelos fatos que não quer enxergar. A Folha de S. Paulo revela o estilo letárgico e incompetente dos coronéis do Ministério da Saúde, que, recebendo pedido de ajuda da empresa White Martins, para transportar oxigênio para Manaus, antes do colapso, não conseguiram sair da cadeira. E haverá mais a ser mostrado ao sonolento senador.
Em seu turno, Arthur Lira, descobrindo aos poucos que não pode tudo como presidente da Câmara, tenta criar um discurso de autossalvação, anunciando o compromisso de atender primeiro o povo, os que precisam, impelido pela derrota no sonho corporativo de criar barreiras de impunidade aos seus deputados. Mas não abre mão das emendas parlamentares que irão garantir a sua continuidade no emprego.
Outro alerta de uma escalada sem freios contra a legalidade é ainda o deboche do filho 01 do capitão reformado, o administrador visionário de uma franquia de loja de chocolates, agora dono de uma mansão de R$ 6 milhões, que o seu salário não paga. A conivência conveniente do cartório revela, ao não expor os dados da escritura pública para qualquer cidadão, que também a sabujice corrói instituições.
Mentiras são repetidas e faladas tantas vezes que podem ser tomadas como verdade. Um general Pazuello mente. Um capitão reformado candidato à reeleição à Presidência da República mente.
Mentiras, ignorância, desfaçatez e determinação em destruir e desacreditar a imprensa, a Justiça, a ciência e, preventivamente, as eleições, em caso de derrota, são parte de uma bula que inclui ainda armar milícias, para que atendam ao chamado de matar a democracia.
O capitão está determinado e à deriva, mas não fraqueja em corroer a democracia. Só "fraquejou" quando teve uma filha mulher.
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