Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
O mundo nos cobrará caro se nossas lideranças forem ineptas
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No próximo domingo, o Brasil, após uma quadra caracterizada pela constante luta em torno do domínio ideológico da população, se colocará diante de um dilema existencial como nação.
Passado e presente, em um globo da morte onde as motocicletas conduzidas pelas lideranças políticas se cruzam a milímetros do choque mortal, se esforçam para alcançar o topo da pirâmide de poder.
As tribos mais fortes se aglutinam, criam pactos, pagam mercenários, vestem as armaduras e esquecem o tempo pretérito para o confronto final.
As aldeias periféricas tentam ocupar espaços, mostrando-se atores coadjuvantes ainda importantes para terem voz na distribuição futura de poder.
A crise da fome, o desemprego elevado, a inflação a consumir o salário, a eterna desigualdade social, a violência por opinião contrária, a frágil segurança pública são alguns desafios que não encontram propostas concretas de solução entre os candidatos a Presidente.
O mundo vive dilemas amplificados e o Brasil não é uma ilha.
Uma quarta onda civilizacional, em uma continuação da ideia exposta no livro A Terceira Onda, dos pesquisadores Alvin e Heidi Toffler, se fortalece e descortina um planeta muito mais beligerante e desequilibrado.
É um processo irracional, um retrocesso social que, se não for contido agora, nos jogará ao início da caminhada evolutiva.
A Rússia, secularmente expansionista, enveredou em uma aventura militar e sofre derrotas atrás de derrotas, após sete meses de manobras amadoras na Ucrânia.
Os reveses instigam temor pela derrota humilhante, a ponto de os militares russos aventarem o uso de seu arsenal nuclear.
Quem poderia calcular este novo Afeganistão para as "poderosas" Forças Armadas russas, herdeiras de Pedro, o Grande?
O milenar império chinês observa, a uma distância segura, os embates na velha Europa, enquanto, perseguindo o caminho traçado por Deng Xiaoping, se reposiciona como nova potência hegemônica ao lado dos Estados Unidos da América.
Deixa recados geopolíticos aos contendores, avançando sorrateiramente suas linhas de influência sobre a área de interesse na região sudeste da Ásia.
A ampulheta do tempo naquela civilização é bem mais lenta. Paciência é característica do credo confuciano.
A América se desidrata por dentro, a partir de uma postura fricativa e arrogante entre o que pensam os white collars e o que defendem os rednecks, situação que gerou a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
Os pais fundadores daquela nação não poderiam imaginar que o sistema deveras fragmentado para a escolha de seus presidentes poderia levá-los, neste século, à beira de uma outra guerra civil.
O neofascismo, desde o último domingo, se faz presente na bota italiana com a ascensão de um grupo de partidos de extrema-direita, cujo ideário vai ao passado de Mussolini.
Agrupações neonazistas se mostram menos avergonhadas de defenderem às claras propostas misóginas, xenófobas, nacionalistas, racistas e até eugênicas.
O subcontinente indiano, repleto de desigualdades endêmicas, vem, sob a liderança da Índia, preenchendo os espaços deixados pelas antigas potências colonialistas no sul da Ásia e, em pouco tempo, Nova Déli exercerá influência determinante sobre os destinos daquela região.
A linha do Equador continua a separar, com raras exceções de países mais avançados, o mundo rico do pobre.
A periferia do planeta Terra continua alvo de belos discursos e poucas e concretas ações. África sendo África, a América Latina ainda refém de seu processo civilizatório baseado nas potências ibéricas.
A escassez de água potável mesmo onde ela existe em abundância, a crise energética no velho continente com impactos na geração de calor por combustíveis fósseis, o desgaste do meio ambiente posto em dúvida como teoria conspiratória, a necessidade de fortalecer o multilateralismo da Organização das Nações Unidas são desafios claros a serem enfrentados no mundo que se anuncia.
Voltando ao Brasil, estamos a cinco dias da escolha cidadã imposta pela legislação que determina as rondas eleitorais. Nosso foco, naturalmente, tem prioridade sobre o campo interno e sobre o cargo maior da República.
Todavia, precisaremos eleger com o mesmo afinco e baseados em princípios inquestionáveis para sobrevivência de nosso povo, governadores, senadores, deputados federais, deputados estaduais, em um arcabouço que promova o equilíbrio entre poderes.
Essa estrutura de lideranças já se mostrou eficaz para conduzir o país a bom porto. Se nós a perdemos há poucos anos, eis a hora de aprumarmos, na missão de cidadãos, a bússola para que o país reencontre seu cabo da boa esperança.
O mundo não está parado e age para afogar os ineptos. Se formos fortes internamente, seremos fortes para além das fronteiras. A escolha é tão somente nossa.
Paz e bem!
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