Raquel Landim

Raquel Landim

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Com Lula, Magda não atende acionistas públicos nem privados na Petrobras

Magda Chambriard disse em sua primeira coletiva de imprensa que pretende gerir a Petrobras "para dar lucro" e "atender aos interesses dos acionistas tanto privados quanto públicos". A afirmação não era para ser contraditória, mas é.

Com Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência, isso é impossível por causa da agenda que ele já disse que quer implementar na Petrobras e pela qual tirou Jean Paul Prates do cargo.

Em teoria, os interesses de acionistas privados e públicos deveriam ser os mesmos: receber dividendos. No caso da União, para ajudar nas contas e fazer política pública em saúde, educação e outros.

Lula, no entanto, quer que a própria Petrobras seja a indutora do investimento, apostando em fertilizantes, gás, construção de navios. E distorcendo o papel da companhia, que deixa de focar em resultados.

No mesmo dia, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou, também em entrevista: "A Petrobras precisa ter 100% ou 200% de lucro?".

Do ponto de vista do acionista privado, sim, claro. Para o acionista público, a Petrobras deveria também obter o maior lucro possível, se o objetivo fosse repassar recursos ao Tesouro.

Magda também disse que vai "abrasileirar" os preços dos combustíveis e que não faz sentido repassar toda a volatilidade do mercado internacional.

Traduzindo: a Petrobras deve seguir subsidiando preços de gasolina e diesel temporariamente, se for necessário. De novo, não atende aos interesses de ambos os tipos de acionistas.

Ela prometeu ser "tempestiva e ágil" no comando da empresa. Observadores do setor de petróleo ouvidos pela coluna viram a declaração como um recado de que Magda pretende implementar os investimentos desejados pelo governo com mais rapidez que seu antecessor, Jean Paul Prates.

Continua após a publicidade

Ela reforçou ainda o interesse em que a Petrobras volte a incentivar a indústria naval, a despeito dos prejuízos bilionários da Sete Brasil. "Minha obrigação é reforçar essas cadeias nacionais", afirmou.

Garantiu que só vai investir em fertilizantes "se der lucro" e que "vai explicar aos órgãos de controle que é um bom negócio". Trata-se de missão complicada.

Relembrando: o TCU (Tribunal de Contas da União) questionou a viabilidade econômica de um acordo comercial entre a fabricante de fertilizantes Unigel e a Petrobras, alegando prejuízo de R$ 487 milhões para a estatal.

Magda disse que recebeu de Lula a missão de "gerir a Petrobras com respeito à sociedade brasileira". Mas o que isso significa? Utilizar a empresa para subsidiar gasolina barata? Elevar investimentos em navios e gás para atender lobbies? Pagar dividendos ao Tesouro?

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes