Raquel Landim

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Opinião

Com saída de Biden, democratas criam fato político para virar eleição

A saída de Joe Biden da corrida eleitoral americana já era amplamente esperada. O atual presidente não tem mais saúde física nem apoio para tentar a reeleição.

O atentado sofrido por Donald Trump vem sendo chamado por analistas nos Estados Unidos como o "tiro de misericórdia" na campanha do democrata.

Seus aliados, que já vinham timidamente pedindo sua retirada, desertaram Biden em massa depois que o discurso de um Trump determinado em "salvar" a América e "fazê-la grande de novo" se consolidou.

O presidente americano já estava atrás nas pesquisas nos chamados Estados pêndulo, que são os mais importantes para vencer as eleições nos Estados Unidos e, depois do tiro que passou de raspão no adversário, ficou sem narrativa para se contrapor ao republicano.

A desistência de Biden se transforma agora num fato político novo para tentar energizar a campanha democrata. Convencer eleitores e também doadores que um novo candidato é capaz de vencer.

Nos Estados Unidos, também sempre vale a máxima do "follow the money". Biden estava bem à frente na corrida por mais doações, mas Trump deu uma arrancada no segundo trimestre, paradoxalmente, após ser condenado, porque seus apoiadores ficaram furiosos. A medida que ele se consolida como favorito, mais dinheiro chega.

O novo candidato democrata precisa, portanto, criar uma sensação de que é capaz de derrotar o bilionário e de também de "salvar" a América, só que das credenciais antidemocráticas do seu adversário.

Na polarização que se tornou essa campanha, os EUA não parecem estar em busca de um presidente, mas de um herói. Só que a ideia de salvador da democracia vai colar depois que Trump se tornou ao mesmo tempo algoz e vítima do sistema? Difícil saber.

Biden afirmou que apoia sua vice, Kamala Harris. Ela tem potencial para trazer os votos das mulheres e dos negros e polariza ainda mais a eleição, já que do outro lado está um homem branco e assumidamente machista. Por outro lado, está diretamente atrelada ao legado do atual presidente, que não é bem-visto.

Kamala vai empolgar? Ou os democratas deveriam apostar em alguém com menos rejeição como foi o próprio Biden no pleito anterior? A sorte está lançada até a convenção democrata, dia 19 de agosto.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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