Nota do PT sobre Maduro causa reclamação interna no partido: 'Precipitação'
A nota do PT sobre as eleições na Venezuela está provocando polêmica interna no partido. Petistas ouvidos pela coluna estão reclamando de "precipitação" e "falta de debate".
Segundo diferentes fontes do partido, a nota foi colocada para votação tarde da noite de ontem e muitos nem souberam —ela foi publicada por volta das 23h. Também não houve discussão ampla da Executiva Nacional, o que seria recomendável dada a delicadeza do tema.
Procurada pela coluna, Gleisi Hoffmann, presidente do PT, disse que "a nota foi aprovada por unanimidade na Executiva Nacional". Glesi afirma que houve uma reunião da Executiva à tarde e a nota foi votada à noite. "Se alguém não participa é difícil ficar sabendo".
Nesta terça-feira, membros do diretório nacional discutiam que, na avaliação deles, ainda não há evidências concretas de fraude por Nicolás Maduro, mas o mais prudente seria aguardar a divulgação das atas das zonas eleitorais e o posicionamento final do assessor especial da Presidência, Celso Amorim.
O deputado federal Reginaldo Lopes, vice-líder do governo Lula, publicou em suas redes sociais que "um governo verdadeiramente democrático convive com críticas, questionamentos e oposição organizada. A atuação de Maduro na Venezuela é a postura de um ditador". A publicação foi feita horas antes da divulgação da nota do partido.
A nota do PT classificou a eleição na Venezuela como "democrática e soberana". "Temos a certeza de que o Conselho Nacional Eleitoral, que apontou a vitória do presidente Nicolás Maduro, dará tratamento respeitoso para todos os recursos que receba, nos prazos e nos termos previstos na Constituição da República Bolivariana da Venezuela", diz a nota.
O posicionamento do partido é muito mais favorável a Maduro do que o tom adotado pelo governo Lula. O Itamaraty pediu que a autoridade eleitoral da Venezuela libere as atas por seção e disse que os documentos são fundamentais para a legitimidade do pleito.
Deputados do PT acreditam que ainda é possível alterar a posição caso surjam evidências concretas de fraude no processo eleitoral ou se o governo Lula tiver uma postura mais contundente de crítica a Maduro.
Senadores petistas se manifestam
Durante o dia, senadores do PT vieram a público criticar o processo eleitoral na Venezuela, contrariando a nota do partido.
Na rede X, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) afirmou que "o resultado das eleições venezuelanas não merecem reconhecimento da comunidade internacional enquanto as exigências mínimas de transparência não forem satisfatoriamente atendidas".
Já o senador Paulo Paim (PT-RS), também pelas redes sociais, disse que a situação na Venezuela é "gravíssima" e "lamentável". "Sem transparência no processo eleitoral, liberdade política e de expressão, e respeito aos direitos humanos, não há democracia".
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