Raquel Landim

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Brasil avalia que EUA erraram ao reconhecer opositor na Venezuela

O Itamaraty avalia que os Estados Unidos erraram ao reconhecer Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela.

Não haverá comunicado oficial sobre o assunto, mas essa é a percepção da cúpula da diplomacia brasileira, que ontem à noite foi pega de surpresa pelo anúncio.

Para os diplomatas, os EUA ainda não têm dados suficientes para garantir a vitória da oposição sobre Nicolás Maduro, já que as atas eleitorais oficiais não foram entregues. Além disso, esse tipo declaração só acirraria os ânimos e dificulta as negociações.

Depois do anúncio feito pelos americanos, a sede nacional do partido da líder opositora María Corina Machado foi assaltada em Caracas. Homens encapuzados levaram computadores e documentos da campanha.

Em seu comunicado, o secretário de Estado americano Antony Blinken afirmou que haviam "evidências esmagadoras" da vitória de González Urrutia.

Ele citou que os partidos de oposição haviam apresentado 80% das atas com uma diferença intransponível de votos, que o Carter Centre atestou irregularidades nas eleições, e que o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) da Venezuela se recusa a entregar as atas, apesar dos pedidos da comunidade internacional.

"Os Estados Unidos já erraram muito na Venezuela. Agora erraram de novo", disse uma fonte à coluna, referindo-se ao reconhecimento de Juan Guaidó como presidente eleito em 2019.

Na época, os EUA foram acompanhados pelo Brasil, cujo presidente era Jair Bolsonaro. O esforço foi inútil porque Maduro permaneceu no poder.

Para os diplomatas brasileiros, o importante é o parágrafo final da declaração americana que pede a continuidade das negociações entre os dois lados, na mesma linha do esforço que vem sendo feito por Brasil, México e Colômbia, que seguem insistindo na divulgação das atas e numa solução pacífica.

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"Agora é hora dos partidos da Venezuela começarem uma discussão para uma transição pacífica e respeitosa de acordo com as leis eleitorais na Venezuela e os desejos do povo venezuelano", diz a nota. O novo presidente da Venezuela — seja Maduro ou González — está previsto para tomar posse em janeiro.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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