'Jabutis' de Joesley e Suarez avançam no Senado e podem custar R$ 247 bi
"Jabutis" patrocinados pelos empresários Joesley Batista e Carlos Suarez estão avançando no Senado e podem ser aprovados ainda no mês de novembro, onerando em pelo menos R$ 247 bilhões a conta de energia dos consumidores brasileiros até 2050.
Os projetos que interessam aos dois bilionários foram inseridos na Câmara dos Deputados como penduricalhos no projeto de lei que regulamenta a construção de usinas eólicas offshore (no alto mar).
De volta ao Senado, o PL está perto de ser votado em fase terminativa e seguir para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo apurou a coluna, o senador Weverton Rocha (PDT-MA), relator do projeto, vai conversar com líderes do Senado e com representantes do ministério de Minas e Energia para construir um "acordo possível".
O objetivo é apresentar o relatório na segunda semana de novembro. Se houver entendimento, a votação pode ser rápida.
"Estou me debruçando, falando com os líderes do Senado, da Câmara, do governo federal e, em meados de novembro, vamos dar um desfecho a esse importante projeto", disse o senador, referindo-se ao PL das eólicas, num vídeo publicado em suas redes e gravado logo após deixar a Assembleia Nacional do Maranhão poucos dias atrás.
No total, o PL das eólicas recebeu oito "jabutis" na Câmara que, se mantidos no Senado, podem representar um custo de R$ 658 bilhões até 2050 e um aumento de 11% na conta de energia dos brasileiros, conforme estudo da consultoria PSR.
"A regulamentação das usinas eólicas offshore é muito positiva para incentivar investimentos, mas por conta dos penduricalhos o restante do setor tem pavor desse projeto", disse à coluna Luiz Fernando Barata, presidente da Frente Nacional dos Consumidores de Energia.
Sob encomenda
Conforme fontes do setor elétrico, dois "jabutis" foram feitos sob encomenda para atender as demandas dos irmãos Joesley e Wesley Batista, dono da holding J&F, e de Carlos Suarez, dono da Termogás e conhecido como "rei do gás".
A emenda que contempla Suarez é a contratação compulsória de 4.250 megawatts de usinas térmicas a gás. O empresário é dono de distribuidoras de gás.
Isso já havia sido incluído num outro "jabuti" na privatização da Eletrobras, mas o governo realizou apenas parte dos leilões para a contratação da usinas e o prazo expirou. Por isso, o lobby voltou com força.
A estimativa de custo desse penduricalho é de R$ 155 bilhões até 2050 - o mais caro entre os oito "jabutis" previstos.
Já a emenda que atende Joesley Batista é a manutenção da operação e da contratação das usinas a carvão, que são mais poluentes e "sujam" a matriz elétrica brasileira.
O PL inclui entre as usinas que terão o contrato renovado Candiota III, que foi adquirida pela Âmbar, braço de energia da holding dos Batista.
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Quero receberDepois da aquisição da usina, o empresário esteve no município Candiota, no Rio Grande do Sul, anunciando doação de casas ao lado do ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta.
Procurada, a Âmbar, da J&F enviou uma nota dizendo que "o complexo termoelétrico de Candiota impacta diretamente em mais de 50 mil empregos em toda a cadeia, fornecendo energia segura, confiável a um preço inferior ao de outras fontes de energia" e "que o único impacto do projeto de lei para a empresa é a extensão do contrato dessa usina nas mesmas condições de outras usinas de carvão mineral"
A coluna tenta contato com a Termogás, de Carlos Suarez, mas não obteve retorno.
Fontes do setor de carvão dizem que essa é a energia mais confiável do sistema, porque as usinas estão instaladas muito próximas às minas. Também argumentam que há cidades em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul que são dependentes do carvão.
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