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Rogério Gentile

REPORTAGEM

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Banco cobra R$ 8,6 milhões de empresários suspeitos de vacinação ilegal

 Matthew Horwood Colaborador Getty Images
Imagem: Matthew Horwood Colaborador Getty Images

Colunista do UOL

29/03/2021 10h40Atualizada em 29/03/2021 19h26

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Os empresários Robson José Lessa Carvalho e Rômulo Lessa Carvalho, suspeitos de organizarem uma vacinação ilegal em Minas Gerais, são alvos de um processo aberto pelo Banco Safra.

O banco cobra dos Lessa uma dívida de R$ 8,6 milhões referente a um empréstimo concedido em maio de 2013 para a Turilessa S.A, empresa de transporte coletivo da qual são sócios e fiadores.

Em novembro do ano passado, a Justiça de São Paulo determinou a penhora de ativos financeiros dos empresários e da Turilessa, mas encontrou apenas R$ 16,9 mil nas contas bancárias. A Turilessa tinha apenas R$ 75,55. Robson, R$ 223,43 e Rômulo, R$ 16.624,67.

Na defesa apresentada à Justiça, a empresa disse que sempre honrou seus compromissos, mas que o banco fez lançamentos injustificados na sua conta corrente, debitando valores indevidamente. A Turilessa admite ser devedora do contrato de empréstimo, mas exige que seja feita a devida compensação.

O Safra afirmou à Justiça que os argumentos apresentados pela empresa são típicos dos "maus pagadores". "Sem qualquer elemento ou prova, lançam ao papel todas as teorias possíveis na tentativa de tumultuar e impedir" a cobrança.

O processo ainda não foi julgado.

Na semana passada, a Justiça Federal de Minas Gerais quebrou o sigilo telefônico de Robson e Rômulo. Eles são suspeitos de terem organizado uma vacinação ilegal que teria beneficiado políticos e empresários mineiros.

O caso foi revelado pela revista piauí. A vacinação teria ocorrido em uma das empresas de ônibus de Robson e Rômulo. Um mandado de busca e apreensão também foi emitido contra eles.

Na decisão em que autorizou as medidas, o juiz Rodrigo Pessoa Pereira da Silva afirmou que "a gravíssima pandemia que assola o mundo e o Brasil se apresenta como uma guerra que só se vence com esforço e sacrifícios coletivos".

Segundo o juiz, nesse cenário caótico, de evidente escassez de vacinas, "indícios de burla às regras de preferência na ordem de imunização são inadmissíveis".

Ouvidos informalmente, os empresários negaram à polícia a vacinação ilegal. A coluna não conseguiu contatá-los.