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Justiça condena influenciadora digital por linchamento virtual
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A influenciadora digital Tarine Gulusian, que tem mais de 430 mil seguidores no YouTube, foi condenada pela Justiça de São Paulo a indenizar em R$ 25 mil a gerente de uma loja de doces que foi alvo de linchamento virtual.
Em abril de 2017, Tata, como é mais conhecida, entrou na loja Paradis Macarons, na rua Haddock Lobo, nos Jardins, colocou a sua filha sobre o mostruário de vidro e pediu que a babá fizesse uma fotografia. A gerente então, temendo que o vidro quebrasse, o que poderia machucar a criança, pediu que a influenciadora a retirasse dali.
Após uma discussão, Tata passou a gravar um vídeo na loja, filmando a gerente e os demais funcionários do estabelecimento. Na gravação, anexada ao processo judicial, pediu que os seus seguidores protestassem no Instagram da loja e no TripAdvisor contra o que chamou de "péssimo atendimento".
"Vocês não têm ideia de como eu fui tratada lá (...) é um lugar que me tratou como lixo (...) essa péssima funcionária, esse péssimo ser humano", afirmou Tata na gravação, entre outros comentários. "Entrem no site, pelo computador, no TripAdvisor lá, e vocês vão escrever Paradis, coloca Estado de São Paulo, e dá sua avaliação. Por favor façam isso."
Por conta da repercussão e do grande número de mensagens e telefonemas que a loja passou a receber, a gerente acabou deixando o emprego. "Logo após as transmissões e postagens da influenciadora, os perfis da gerente e da loja passaram a ser bombardeados com perseguidores que clamavam ódio", afirmou à Justiça o advogado Pietro Salum, que a representa.
Tata foi condenada em primeira instância e recorreu. Em decisão publicada na semana passada, o Tribunal de Justiça de São Paulo não apenas manteve a condenação, como aumentou o valor da indenização (de R$ 5 mil para R$ 25 mil, por danos morais e materiais).
"A incitação promovida pela influenciadora culminou no linchamento virtual da gerente, como pode ser observado nas dezenas de comentários pejorativos", afirmou o desembargador César Peixoto, relator do processo no TJ. "A exposição pública da imagem e do nome extrapolou os limites da razoabilidade e do bom senso."
Tarine pretende recorrer da decisão. O advogado Kaike Garcia disse à coluna que nunca houve qualquer tipo de linchamento virtual por parte de sua cliente. "Ela foi muito mal atendida em uma loja, mesmo estando com sua filha ainda de colo, e, por conta disso, mostrou sua insatisfação contra o mau atendimento."
O advogado disse que a influenciadora nunca xingou ou pediu que os seus seguidores xingassem a gerente. "Alguns poucos seguidores fizeram comentários desrespeitosos contra a gerente, sendo que Tarine pediu para que não fizessem isso, e ato continuo, apagou os comentários ofensivos", afirmou. Segundo o advogado, a gerente "se aproveitou do ocorrido, tentando criar uma narrativa inexistente, a partir de uma premissa falsa."
Em petição enviada à Justiça, a defesa da gerente afirma que a influenciadora tenta confundir o Judiciário sobre a autoria dos comentários, mas que é muito fácil verificar que ela ofendeu e organizou o ataque virtual. "Jamais poderia se valer de agressão psicológica. Se a sua intenção não fosse prejudicar a gerente, poderia ter buscado os órgãos de proteção ao consumidor. Ou seja, dispunha de meios legítimos e precisos para registrar a sua insatisfação."
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