Topo

Rogério Gentile

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Justiça condena homem por racismo e apologia a Hitler em biblioteca

Colunista do UOL

14/12/2022 11h09

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A Justiça de São Paulo condenou Wilho da Silva Brito, 40, acusado de praticar ofensas racistas e homofóbicas na Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo, bem como fazer apologia ao nazismo.

Wilho foi preso em flagrante em agosto deste ano após ser filmado por frequentadores da biblioteca dizendo que não gosta de negros. "Se prestassem não eram discriminados pela sociedade", afirmou, entre outras ofensas.

De acordo com a denúncia feita pelo promotor Bruno Simonetti, Wilho, que portava o livro "Minha Luta", de Adolf Hiltler, fez gestos associados ao regime nazista. Ele também "depreciou e inferiorizou a coletividade de pessoas LGBT ao associá-la de forma ofensiva a comportamento reprovável, sexualizado e violento".

Na sentença em que o condenou a uma pena de dois anos e oito meses de prisão em regime semiaberto, a juíza Larissa Tunala afirmou que o denunciado tem uma visão "absolutamente deturbada em relação aos valores constitucionais como a igualdade entre todos". "Entende-se [como] superior, contribuindo para disseminação do pensamento preconceituoso e, mais, de atitudes racistas", afirmou.

A juíza disse ainda que Wilho não se ateve à leitura silenciosa do livro de Hiltler, o que estaria abrangido pela liberdade de expressão, mas utilizou "da sua imagem de capa como símbolo, em nítida exposição como forma de divulgação e adoração ao nazismo".

Além da pena de prisão, ele terá de pagar uma indenização de R$ 50 mil à biblioteca.

Wilho ainda pode recorrer.

Ele disse à Justiça que admira Hitler por sua capacidade intelectual e que tem identificação espiritual com o nazismo, por considera-la uma "religião". Mas afirmou que "nunca agrediu judeu" e que não participa de grupos nazistas. Declarou que só fez saudação nazista após ter sido ofendido por um frequentador da biblioteca.

Afirmou que não é obrigado a gostar de negros, mas "que convive bem com eles". Disse que apenas usou o termo macaco depois que foi chamado de "porco". Disse à Justiça que costuma ser assediado por pessoas negras, homossexuais e nóias, mas que se finge de "bobão para não arrumar brigas". Declarou também não ser homofóbico. "Se fosse, já teria dado porrada."

Em seu interrogatório, afirmou ter sido vítima de uma "armação", pois "estava apenas estudando quando foi abordado por um grupo de pessoas que quiseram atrapalhar a sua vida."

Regime semiaberto é aquele na qual o condenado cumpre a pena em colônia penal ou em estabelecimentos similares, podendo trabalhar ou estudar durante o dia, recolhendo-se à unidade à noite.