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Rogério Gentile

REPORTAGEM

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Jovem Pan e Record são acusadas de expor aluno errado como autor de ataque

Policiais em frente da Escola Estadual Thomázia Montoro na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo - ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Policiais em frente da Escola Estadual Thomázia Montoro na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo Imagem: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

18/04/2023 11h09

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A Justiça paulista mandou a Jovem Pan e a Record retirarem do ar a imagem de um estudante que foi identificado erroneamente como sendo o autor dos ataques à escola Thomazia Montoro, em São Paulo, no dia 27 de março.

As emissoras terão também de publicar uma retratação em todas as plataformas nas quais a imagem foi publicada, inclusive nas redes sociais.

Horas depois do ataque, no qual um aluno de 13 anos matou a professora Elisabete Tenreiro a facadas e feriu outras quatro pessoas, os pais de um estudante do colégio se dirigiram à delegacia com o filho.

Eles queriam informar às autoridades que o garoto, uma semana antes, havia sido agredido pelo mesmo adolescente infrator.

De acordo com o processo, ao chegarem à delegacia, os pais cobriram o rosto do filho com receio de que sua imagem fosse divulgada pelos veículos de imprensa que estavam no local. Os pais disseram que alertaram os jornalistas de que o garoto era uma vítima, e não o autor dos fatos.

Mesmo assim, fotos da família foram feitas por jornalistas e divulgadas pela Jovem Pan e pela Record. O site da Jovem Pan publicou uma legenda, sempre de acordo com o processo, que dizia: "Chegada do jovem infrator responsável pelo ataque que resultou na morte de uma professora no 34º DP da Polícia Civil".

Os pais do garoto disseram à Justiça que, desde então, têm sido alvo de ofensas e que temem sofrer agressões em razão da notícia falsa veiculada.

A Justiça determinou à Jovem Pan e à Record que a retratação seja feita com a mesma publicidade que foi dada à notícia, sob pena de multa de R$ 5 mil por dia de descumprimento.Ordenou também que as emissoras, assim como o grupo Estado, informem a todos que compraram ou vierem a comprar a fotografia, que a imagem não é o retrato do responsável pelos ataques e seus familiares.

A coluna procurou a assessoria de imprensa da Record, mas não obteve resposta.

Em nota enviada à coluna, a assessoria da Jovem Pan disse que a foto foi retirada do ar assim que soube que a informação estava errada.

Afirmou também que a emissora foi induzida a cometer o erro pela agência de notícias que havia vendido a imagem como sendo a do autor do ataque.

Leia a íntegra da nota:

"A Jovem Pan é assinante da agência Estadão Conteúdo, que disponibilizou a imagem em questão. A empresa Fotografia Futura Press assumiu a responsabilidade pelo erro ocorrido e entrou em contato com os pais para a retratação. Assim que a Jovem Pan soube do erro das agências, retirou a imagem publicada. As justificativas serão manifestadas nos autos do processo".

O escritório Masson, Castello, Bogasian e Serra, que representa a família, divulgou uma nota na qual afirma que a retratação foi insuficiente e que continuará buscando a reparação da dignidade e imagem do garoto e dos seus pais.