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Tales Faria

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bolsonaro esperava cumplicidade, mas Cid manteve o suspense

Colunista do UOL

18/05/2023 20h10

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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), ficou em silêncio em depoimento à Polícia Federal e, na avaliação do colunista do UOL Tales Faria, acabou frustrando as expectativas de Bolsonaro e seus familiares. Para ele, Cid manteve o suspense no ar, deixando em aberto a possibilidade de fazer uma delação premiada.

Durante o programa Análise da Notícia, Tales afirmou que havia a expectativa de que Cid pudesse inocentar o ex-presidente, mas o silêncio acabou apontando para a possibilidade de um acordo com o Ministério Público.

Bolsonaro esperava cumplicidade, mas Cid manteve o suspense". Tales Faria

Depoimento de menos de 20 minutos. Bolsonaristas passaram os últimos dias dizendo que Cid inocentaria o chefe das suspeitas de ter ordenado a falsificação dos cartões de vacina. O ex-ajudante de ordens, entretanto, nada declarou à Polícia Federal. Ele chegou à sede do órgão às 14h40 e saiu às 15h. Descontados os procedimentos burocráticos, o depoimento durou menos de 20 minutos.

Bolsonaro preparou terreno para culpar Cid. Em seu depoimento, o ex-presidente afirmou que sua conta no ConecteSUS era administrada por Mauro Cid e que nunca havia pedido a carteira de vacinação contra a covid-19, ou seja, preparou a narrativa de que uma possível fraude seria culpa de seu ex-ajudante de ordens.

Wajngarten prepara caminho para acordo. Fabio Wajngarten declarou que entende a estratégia de Cid e comemorou o (não) depoimento do tenente-coronel. Enquanto Bolsonaro disse que "pediu a Deus que Cid não tenha feito nada de errado", o ex-ajudante de ordens manteve o suspense sobre a possibilidade de uma delação premiada.

Depoimentos podem perder importância. Diante dos resultados das investigações da Polícia Federal, das perícias nos telefones e dos diálogos que podem ser descobertos, os depoimentos de Cid e Bolsonaro podem até se tornar o fator menos importante do caso e da investigação.

Dificilmente Cid não será condenado. Todas as provas das investigações apontam para Mauro Cid e, por isso, sua melhor saída é conseguir algum acordo com o Ministério Público. Para Tales, a delação premiada é um caminho para um possível acordo e, diante da situação e da troca de advogado do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro por um advogado especialista em delações premiadas, a família Bolsonaro está assustada.

Delação pode não ser suficiente. Delações premiadas em geral ficaram "desgastadas" com a operação Lava Jato e, por isso, possíveis provas serão essenciais para amenizar a situação de Cid. Além da delação, ele terá que ajudar a Polícia Federal e o Ministério Público com provas que, segundo as investigações, podem ser bastante fartas.

O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: