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Plano de segurança de Dino repete erros de outras intervenções federais

O plano de segurança do ministro da Justiça, Flávio Dino, repete erros de outras ações federais, segundo o colunista do UOL Tales Faria durante o programa Análise da Notícia desta terça-feira (3). A afirmação foi feita ao comentar o plano para conter as crises na segurança e pacote de emergência para o Rio de Janeiro e a Bahia.

O deputado Carlos Zarattini (PT SP) contabilizou que, nos últimos 40 anos, forças federais foram utilizadas em ações de repressão interna, criminalidade nos estados, pelo menos umas 100 vezes sem bons resultados.

Forças federais nos estados. Esse negócio de envolver forças federais em ações de segurança nos estados é complicado. Flávio Dino anunciou o programa de olho sobretudo na Bahia, onde a polícia é protagonista dos piores episódios recentes de violência, e no Rio de Janeiro, com esses casos de milícias sendo treinadas como se fossem guerrilheiros na favela da Maré.

Histórico mostra falta de evolução. Tirando o próprio período da ditadura militar, a primeira vez que as forças federais atuaram na área de segurança foi no Rio de Janeiro em junho de 92, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente. O então presidente, Fernando Collor de Mello, assinou uma Garantia da Lei e da Ordem, chamada GLO, que permite o envio de tropas federais, do Exército, sobretudo, para os estados, para as cidades.

Militares e tanques permaneceram em pontos estratégicos do Rio de Janeiro, especialmente no caminho onde passavam as delegações estrangeiras. Acabou a Rio-92 e tudo voltou a ser o que era - ou até pior.

Além disso, as forças armadas atuaram na Jornada Mundial da Juventude, em 2013, na Copa do Mundo de 2014 e ainda nas Olimpíadas de 2016, também no Rio de Janeiro. Tudo isso sem evolução no problema da segurança pública no país após os eventos.

Novo cangaço. A violência no país não está só nos grandes centros urbanos, mas também no interior, com o chamado Novo Cangaço, que tem ligações estreitas com grandes organizações criminais do país, como PCC e Comando Vermelho.

Golpistas queriam GLO no 8 de janeiro. No fatídico dia da tentativa de golpe, chegou-se a pensar numa GLO, mas o presidente Lula acabou barrando a ideia. A GLO era, na verdade, parte do plano dos golpistas para colocar o Exército nas ruas e não mais sair até que o presidente eleito fosse deposto.

Muito plano e pouco dinheiro. Com o crescimento da violência no país e as fortes críticas, o ministro Flávio Dino resolveu anunciar às pressas um programa que parece não estar ainda totalmente desenhado.

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Ele fala em 5 eixos: integração institucional e informacional; aumento da eficiência dos órgãos policiais, portos, aeroportos, fronteiras e divisas; aumento da eficiência do sistema de justiça criminal; e cooperação entre os entes visando enfrentar problemas estruturais.

No fundo, tudo muito amplo, pouco objetivo e sem muita definição. Os assessores do ministro foram ao Sistema Integrado de Administração Financeira e juntaram rubricas espalhadas para chegar a esse número (R$ 900 milhões). Não faz nem cócegas.

O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 19h.

Onde assistir:

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja abaixo o programa na íntegra:

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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