Deputado Ramagem não contará com a blindagem de Arthur Lira na Câmara
Se depender do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) não contará com ajuda da Casa para blindar suas atividades quando diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A Polícia Federal cumpre nesta quinta-feira, 25, mandados de buscas e apreensão contra Ramagem e outros ex-integrantes da sua gestão.
Lira foi informado de que a PF detectou, em suas investigações, que a Abin teria utilizado seus equipamentos de espionagem, sob a direção de Ramagem, para monitorar na época também parlamentares governistas e de oposição.
Diante dessa informação, o presidente da Câmara fez chegar ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal que Ramagem não contará com a proteção da Câsa contra as investigações da Polícia Federal.
"Não haverá espírito de corpo nesse caso", disse Lira a um dos interlocutores.
Sua irritação se estende ao núcleo bolsonarista do PL, que é contrário a investigações sobre parlamentares que tenham incentivado a invasão do Congresso Nacional no dia 8 de janeiro do ano passado.
Para Lira e o comando do centrão, esses parlamentares, na verdade, atuaram contra os colegas. Não deverão, portanto, ser protegidos pelo espírito de corpo que reina na Casa.
No entanto, não interessa ao centrão criar arestas com o PL por causa desse grupo mais radical do partido. Daí porque Arthur Lira tem evitado falar publicamente sobre o assunto.
O PL é o maior partido da Câmara, com 95 deputados. Em reação à operação de busca e apreensão contra outro deputado do partido, o também bolsnarista Carlos Jordy (RJ), ocorrida na semana passada, o PL anunciou que vai reconduzi-lo ao cargo de líder da oposição.
Reservadamente os bolsonaristas têm dito que a recondução foi uma reação ao fato de Lira não ter defendido o deputado. Mas os moderados da bancada, capitaneados pelo líder Altineu Côrtes (PL-RJ), não partilham das críticas a Arthur Lira.
Nota da Assessoria de Arthur Lira recebida pela coluna às 13h47:
A assessoria de imprensa do presidente da Câmara dos Deputados informou à coluna que ele não manteve qualquer contato com outras autoridades da República sobre blindar ou não blindar parlamentares.
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