Thais Bilenky

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Reportagem

Governo some, e bolsonaristas incitam comandantes a descumprir Justiça

A base do governo na Câmara dos Deputados desapareceu da Comissão de Defesa Nacional nesta quarta-feira (17), e bolsonaristas incitaram pessoal e presencialmente os comandantes das três Forças Armadas a descumprirem ordens judiciais.

A poucos passos de distância, o ministro José Múcio Monteiro, da Defesa, e o general Tomás Paiva, comandante do Exército sorriram constrangidos.

Poucos deputados da base apareceram mas apenas no inicio da sessão e não havia mais ninguém no momento da incitação.

Na primeira fileira da comissão, o deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) passou os minutos de fala a que tinha direito pedindo aos berros o descumprimento de decisão judicial.

"Se a ordem for absurda, não importa que polícia e quem mandou, não deixem os militares sem emprego", incitou. Múcio fez um joinha para ele.

Pouco depois, o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) disse que os comandantes agiam sob condição de medo.

"É Alexandre de Moraes que manda nas Forcas Armadas brasileiras. Não é a Constituição", discursou.

Dirigindo-se ao general Tomás Paiva, falou: "O senhor tem medo de Alexandre de Moraes. Todos aqui têm medo de Alexandre de Moraes."

General Tomás havia confirmado pouco antes que se consultava com Alexandre de Moraes, e mencionou caso específico do general Richard Nunes em inquérito que o ministro relata sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco.

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"Toda vez que tive dúvida sobre cumprimento de alguma decisão judicial, eu perguntei. É absolutamente falso que eu consultei o ministro Alexandre de Moraes para nomear oficial do Exercito para qualquer posto. O oficial estava nomeado no dia 28 de fevereiro de 2024, faltava a chancela do presidente. Quando apareceu o nome dele na investigação, eu consultei para saber se tinha alguma coisa contra ele, porque eu ia assinar um documento para o presidente da República. O presidente da República muito em consideração às Forças resolveu manter a indicação do general Richard.
Consultei o ministro para saber qual era o andamento do processo", afirmou Tomás Paiva.

Ao assumir o microfone, Múcio fez a comissão, inclusive Tomás Paiva, gargalhar. "Van Hattem, vou sair daqui com mais medo de você do que do Alexandre de Moraes", disse o ministro da Defesa.

Múcio foi aplaudido pelo menos duas vezes ao longo da sessão, que durou cerca de cinco horas. Ao final, o deputado Filipe Barros (PL-PR) foi cumprimentá-lo.
"Amigo, obrigado", disse Múcio

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