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Thaís Oyama

REPORTAGEM

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Onde Bolsonaro mais perdeu votos desde 2018 e onde cresceu

O presidente Jair Bolsonaro: perda maior de votos foi entre os jovens - Cesar Sales/AM Press & Images/Folhapress
O presidente Jair Bolsonaro: perda maior de votos foi entre os jovens Imagem: Cesar Sales/AM Press & Images/Folhapress

Colunista do UOL

12/07/2022 00h00

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Esta é parte da versão online da edição desta segunda-feira (11) da newsletter da Thaís Oyama — um radar das pesquisas: o que está por trás dos números que apontam os rumos dessas eleições. Na newsletter completa, apenas para assinantes, a colunista conta, com base em estudo exclusivo do instituto MDA de pesquisas, em que grupos o presidente Jair Bolsonaro mais perdeu votos desde a eleição de 2018 e em que segmentos cresceu ou conseguiu manter seus eleitores. O texto traz ainda a coluna "Em off", com a resposta do coordenador da campanha do ex-presidente Lula, Aloizio Mercadante, a empresários partidários da opinião de que o candidato petista à Presidência "não está nem aí" para eles. Inscreva-se para receber a newsletter e conheça outros nove boletins exclusivos do UOL.

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Das eleições de 2018 para cá, o presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu muito mais apoio entre os jovens do que entre as mulheres; deixou de ter o voto de 1 em cada 5 eleitores pobres que o haviam apoiado naquele ano; e de um 1 em cada 4 moradores da região Sudeste que ajudaram a elegê-lo.

Em compensação, o ex-capitão cresceu entre os eleitores da região Sul, preservou os do Norte e Centro-Oeste e manteve intacto o seu eleitorado evangélico, até hoje o principal bolsão de resistência do presidente.

As conclusões são de um estudo feito por Marcelo Costa Souza, diretor-executivo do instituto de pesquisas MDA. Ele fez uma comparação, por recorte populacional, entre as intenções de voto que Bolsonaro tinha no levantamento da CNT feito pelo instituto MDA antes do primeiro turno das eleições de 2018 com as intenções de voto que o presidente tem hoje, de acordo com a pesquisa CNT feita em maio deste ano também pelo MDA.

O derretimento de Bolsonaro entre os mais jovens

Jair Bolsonaro perdeu mais de um terço do seu eleitorado na faixa etária de 16 a 24 anos desde a eleição de 2018.

Naquele ano, a pesquisa CNT/MDA feita antes do primeiro turno das eleições dava ao ex-capitão 37% dos votos entre os jovens.

Hoje, essa taxa caiu para 24%, o que significa uma perda de votos de 13 pontos percentuais, quase três vezes mais que a queda do presidente entre as mulheres (de 5 pontos percentuais em relação a 2018).

Para Costa Souza, tamanho derretimento do ex-capitão entre os mais jovens está associado ao fato de eles serem "naturalmente mais críticos em relação aos governos instalados" — lembrando que, em 2018, Bolsonaro era um azarão e hoje é situação.

O pesquisador considera ainda que pode ter contribuído para a queda de Bolsonaro entre os mais jovens também o fato de o ex-presidente Lula (PT) ter uma de suas menores rejeições nessa faixa etária.

A ideia de que houve corrupção no governo Lula, até hoje o ponto mais vulnerável do candidato do PT, é algo de que esses eleitores só ouviram falar, já que eram muito pequenos na época do mensalão, por exemplo"
Marcelo Costa Souza, diretor-executivo do instituto de pesquisas MDA

Os outros dois segmentos em que Bolsonaro mais perdeu votos em relação a 2018 foram o dos eleitores que ganham até dois salários mínimos (queda de 21%) e o dos moradores da região Sudeste (queda de 23%).

Para Costa Souza, nos dois casos, a economia explica o mau-humor dos eleitores para com o ex-capitão. "Inflação e desemprego afetam em especial os mais pobres.

E no caso dos eleitores da região Sudeste, faz sentido pensar que eles sofreram mais o impacto negativo da crise econômica do que o impacto positivo de benefícios como o Auxílio Brasil", diz o pesquisador. O Nordeste, que concentra 27% da população, tem 8,5 milhões de beneficiários, enquanto o Sudeste, onde vivem 42% dos brasileiros, tem 5,2 milhões de contemplados pelo Auxílio.

Os bolsões de resistência do bolsonarismo

Bolsonaro cresceu 3 pontos percentuais na região Sul desde o primeiro turno da eleição de 2018 e manteve praticamente intacto o seu eleitorado evangélico, bem como o das regiões Norte e Centro-Oeste — nesses segmentos, segundo o estudo da MDA, os índices de intenção de votos do ex-capitão permanecem quase idênticos.

Não por coincidência, esses bolsões de resistência bolsonarista abrigam integrantes dos segmentos para os quais o presidente se dirige com mais frequência: defensores da liberação das armas, representantes do agronegócio, e cristãos preocupados com a defesa de valores conservadores"
Marcelo Costa Souza, diretor-executivo do instituto de pesquisas MDA

Para o pesquisador, o fato de a região Nordeste, a principal beneficiária do Auxílio Brasil, ser a segunda em que o presidente mais caiu mostra que, lá, a preferência por Lula está consolidada.

Por causa disso, afirma Costa Souza, "o palco da disputa entre Lula e Bolsonaro, a partir de agora, deve ser o Sudeste, com foco nos mais pobres, jovens e mulheres".

A colunista retorna de férias no próximo dia 20

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