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Thaís Oyama

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Piscina fria e nem dez churrasquinhos, a ingratidão do Brasil a Bolsonaro

                                 Jair Bolsonaro (PL):  o último pronunciamento do 38º Presidente da República do Brasil  -                                 Reprodução de vídeo
Jair Bolsonaro (PL): o último pronunciamento do 38º Presidente da República do Brasil Imagem: Reprodução de vídeo

Colunista do UOL

31/12/2022 12h01

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Na live que fez antes de partir para Orlando (EUA), o em breve ex-presidente Jair Bolsonaro declarou ter dado o seu sangue ao país.

Como exemplo da afirmação, citou o fato de ter nadado em piscina sem aquecimento ao longo dos quatro anos em que viveu no Palácio da Alvorada ("desliguei o aquecedor, gastava muita energia") e participado, se muito, de "dez churrasquinhos" no período.

Era trabalho demais, afirmou. "De domingo a domingo."

O pronunciamento do presidente da República incluiu ainda uma lista de feitos do seu governo.

Entre eles, Bolsonaro relacionou a construção de um (01) colégio militar na cidade de São Paulo e o fato de ter atendido a um pedido do prefeito de Bagé, município do Rio Grande do Sul que, descobriu ele, tinha problemas de falta d'água ("A gente quando fala em falta de água, a gente pensa no Nordeste, né?").

Nada disso a imprensa deu, afirmou. Nada teve destaque na mídia.

Bolsonaro, vítima de ingratidão, de perseguição e até da contingência (uma pandemia e "uma guerra lá do outro lado do mundo"), tentou mostrar em sua live que é mais coitado que todo mundo, inclusive os apoiadores que permaneceram na chuva esperando uma manifestação presidencial desde que as urnas decretaram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.

A esses, tudo o que Bolsonaro conseguiu dizer foi que era injusto ficarem "chateados" com ele, porque "para você conseguir fazer alguma coisa, mesmo nas quatro linhas, você tem que ter apoio".

E confessou: "Como foi difícil ficar dois meses calado trabalhando para buscar alternativas" — "alternativas" que, a história há de mostrar, ruíram graças à firme resistência da ampla maioria dos generais do Alto Comando do Exército.

Jair Bolsonaro, o 38º presidente da República do Brasil, nunca esteve à altura do cargo e talvez nem mesmo tenha atinado para o tamanho da responsabilidade que esteve sobre os seus ombros.

O fato de ter se desvencilhado dela antes do fim do mandato para escapar da posse de seu sucessor na terra do Pateta é só mais uma triste piada pronta das muitas que Jair Bolsonaro legou aos brasileiros.