Adolescente que matou pais e irmã em SP ficará 3 anos na Fundação Casa
O adolescente de 16 anos acusado de matar os pais e a irmã na Vila Jaguara, zona oeste de São Paulo, ficará recluso por até três anos na Fundação Casa.
A decisão foi proferida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo nesta terça-feira (2).
O período de internação estabelecido pelo juiz Victor Garms Gonçalves é o máximo que permite o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) a pessoas menores de 18 anos que cometem crimes.
Os assassinatos ocorreram no dia 17 de maio. O rapaz matou a família usando uma arma do pai, que era guarda civil de Jundiaí (SP), e permaneceu na casa com os corpos por mais de 48 horas.
Ele ainda esfaqueou a mãe já morta, dias depois, antes de ligar para a polícia, confessar o crime e se entregar.
O crime
Em depoimento à polícia, o adolescente deu detalhes do crime que cometeu. Disse que estava com raiva dos pais porque haviam retirado o celular que ele usava e que o pai o tinha chamado de "vagabundo".
Ele também contou que, horas antes de matá-los, testou a arma com um tiro num colchão.
No dia 17 de maio, uma sexta-feira, o rapaz esperou o pai chegar em casa com a irmã, por volta das 13h, para matá-lo. Enquanto o homem estava em pé, na pia da cozinha, ele atirou contra sua nuca. A irmã, ao ouvir o disparo, foi ver o que havia ocorrido e também levou um tiro, desta vez no rosto.
O adolescente almoçou na cozinha próximo ao corpo do pai, foi à academia de jiu-jítsu e esperou a mãe retornar do trabalho. Por volta das 19h, quando ela chegou, viu o corpo do marido no chão e gritou. Imediatamente, o filho atirou nela. No dia seguinte, ele ainda esfaqueou o corpo da mãe, porque "ainda estava com raiva dela", disse.
O filho permaneceu na casa até o domingo. Foi novamente à academia e à padaria. Em 19 de maio, no domingo, por volta das 23h, ligou para a polícia e confessou o crime.
Ele afirmou que não planejou o crime, mas que já havia pensado em fazê-lo. De acordo com o boletim de ocorrência, disse que não se arrependeu do que fez e que, se pudesse, faria novamente.
O rapaz deu depoimento acompanhado por um bancário, atleta de jiu-jítsu, maior de idade.
Vizinhança assustada
Mais de um mês após o crime, os vizinhos da família assassinada pelo adolescente ainda estão perplexos.
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Quero receber"Parece filme. Ninguém acredita", resume um homem de 65 anos que não quis ser identificado e que mora na mesma rua.
Segundo ele, a família era "calma, respeitosa" e o episódio pegou todos de surpresa.
"Eles tinham umas brigas normais, dava para ouvir as discussões, mas ninguém imaginava que isso aconteceria."
Ele conta que naquele fim de semana não ouviu nenhum barulho estranho nem confusão.
"Só percebemos quando começaram a chegar os carros de polícia. Aí ficou todo mundo assustado", lembra.
A casa da família está vazia desde então, conta a dona de um comércio a poucos metros.
O muro e a calçada da residência foram pichados dias depois do crime, com as palavras "assassino", "cruel" e "ingrato".
Os vizinhos dizem não saber quem fez.
Uma funcionária da padaria onde o adolescente esteve, um dia após cometer o crime, lembra que o rapaz "não aparentava" qualquer espanto ou agitação.
O comércio fica a poucos metros da residência.
"Ele comprou pão, pagou e saiu", conta a mulher. Segundo ela, a família era cliente assídua da padaria.
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