Juíza cita efeito devastador de jogos ao mandar prender Gusttavo Lima
Na decisão em que manda prender o cantor Gusttavo Lima, a juíza fala sobre o poder de destruição de jogos de azar sobre famílias e a classe trabalhadora. Andréa da Cruz, do Tribunal de Justiça de Pernambuco, escreveu que práticas de apostas "tem um efeito devastador".
O processo corre em sigilo, mas a coluna teve acesso aos documentos. A Justiça também determinou a suspensão do passaporte do cantor, bem como do registro e eventual porte de arma de fogo.
É imperioso reconhecer que o jogo do bicho, assim como outros jogos de azar, tem um efeito devastador sobre famílias, atingindo de forma mais cruel a classe trabalhadora, que se vê presa em ciclos de endividamento e desespero. Essas práticas corroem o tecido social, fomentando a desigualdade e a destruição de famílias.
Juíza Andréa da Cruz
A decisão ocorre no âmbito da Operação Integration, que também prendeu a influenciadora e advogada Deolane Bezerra.
O inquérito policial que indiciou Gusttavo Lima, entre outros investigados, apura crime de lavagem de dinheiro. A decisão judicial indica que o cantor não compareceu à convocação da polícia para tratar sobre o caso.
Juíza considerou que a prisão do cantor é única forma "de garantir a ordem pública" e que medidas cautelares menos gravosas não seriam suficientes. "Ademais, os indícios coletados demonstram a contemporaneidade das supostas práticas delitivas sob investigação, reforçando a urgência da apuração e a necessidade de medidas adequadas para a proteção da ordem jurídica", argumenta.
Segundo a Justiça, Gusttavo Lima teria dado guarida a foragidos de mandados de prisão. A decisão cita que a aeronave do artista transportou ele e um casal de investigados até a Grécia no início do mês, "o que sugere que José André [da Rocha Neto] e Aislla [Sabrina Truta Henriques Rocha] possam ter desembarcado na Grécia ou nas Ilhas Canárias, na Espanha".
"É imperioso destacar que Nivaldo Batista Lima [nome verdadeiro de Gusttavo Lima], ao dar guarida a foragidos, demonstra uma alarmante falta de consideração pela Justiça. Sua intensa relação financeira com esses indivíduos, que inclui movimentações suspeitas, levanta sérias questões sobre sua própria participação em atividades criminosas. A conexão de sua empresa com a rede de lavagem de dinheiro sugere um comprometimento que não pode ser ignorado", diz outro trecho da decisão.
Esses indícios reforçam a gravidade da situação e a necessidade de uma investigação minuciosa, evidenciando que a conivência de Nivaldo Batista Lima com foragidos não apenas compromete a integridade do sistema judicial, mas também perpetua a impunidade em um contexto de grave criminalidade
Juíza Andréa da Cruz
Outro lado
Em nota enviada à coluna, a defesa de Gusttavo Lima diz que soube da decisão judicial por meio da mídia. "Ressaltamos que é uma decisão totalmente contrária aos fatos já esclarecidos pela defesa do cantor e que não serão medidos esforços para combater juridicamente uma decisão injusta e sem fundamentos legais", diz o texto.
A inocência do artista será devidamente demonstrada, pois acreditamos na justiça brasileira. O cantor Gusttavo Lima jamais seria conivente com qualquer fato contrário ao ordenamento de nosso país e não há qualquer envolvimento dele ou de suas empresas com o objeto da operação deflagrada pela Polícia Pernambucana. Por fim, esclarecemos que os autos tramitam em segredo de Justiça e que qualquer violação ao referido instituto será objeto e reparação e responsabilização aos infratores.
Defesa de Gusttavo Lima, em nota
A coluna tenta localizar a defesa dos demais citados. O espaço segue aberto para manifestações.
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