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Wálter Maierovitch

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Putin x Biden: réplica do russo defende guerra; tréplica de Biden virá hoje

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Joe Biden - Angela Weiss e Alexey Druzhinin/AFP
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Joe Biden Imagem: Angela Weiss e Alexey Druzhinin/AFP

Colunista do UOL

21/02/2023 12h56

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Putin armou uma colossal manifestação hoje em Moscou.

Foi o dia do denominado Discurso à Nação, um tipo de prestação de contas do ditador.

Não havia necessidade de esfera cristal: Putin falou sobre o primeiro aniversário da guerra com a Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022. Para ele, uma guerra legítima.

Para analistas e cultores do direito internacional, Putin apimentou o discurso depois da ida de surpresa de Biden a Kiev e do discurso da vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, que o acusou de crimes contra a humanidade e de invasão a Estado nacional soberano, a Ucrânia.

Como mencionei nas colunas de domingo e segunda, as acusações eram de crimes da competência do Tribunal Penal Internacional (TPI), com flagrante violação à Carta constitutiva das Nações Unidas.

O pronunciamento de Kamala foi no sábado, na 59ª conferência sobre segurança global, ocorrido em Munique, cuja repercussão não ficou restrita à região baviera.

Na Conferência de 1938, Hitler levou um pedaço da então Tchecoslovaquia. Num contorcionismo do britânico Chamberlain, colocou-se o princípio da autodeterminação dos povos, ou seja, foi cômodo acreditar na existência de mais alemães do que tchecos e eslovacos no território reivindicado por Hitler.

Foi a solução de Chamberlain para se tentar evitar a Segunda Guerra. Uma lástima, segundo Churchil, seu sucessor.

Agora, a situação está invertida. O ocidente está contra a invasão russa. Pelo direito internacional, o caso é de ataque ao soberano estado ucraniano. Não seria somente a região de Donbass o desejo russo, depois da Criméia.

Como imaginou Biden sobre a tônica o discurso de Putin, o norte-americano rumou de Kiev para a Polônia com a tréplica rascunhada.

Importante. a tréplica de Biden será depois, à noite.

Antes de embarcar para a capital polonesa, Biden disse aos ucranianos: "O Ocidente está aqui para ficar".

Ao pisar em Varsóvia, simbolicamente escolhida, avisou a todos: "O ocidente não está dividido".

Toda essa agitação, de Munique a Kiev e Varsóvia, gerou outra, de Pequim a Moscou. É que acaba de chegar a Moscou o chefe da diplomacia do Partido Comunista chinês, Wang Yi, homem de confiança do presidente Xi Jinping.

Wang, debaixo do braço, leva a Putin um esboço de plano de paz. E não foi à toa ter Wang realizado — antes de chegar a Moscou — um giro pela Europa, com presença na Conferência de Munique.

Enquanto Wang deslocava-se a Moscou, o ministro do exterior da China, Qin Gang, reclamava das notícias falsas plantadas na mídia europeia.

Qin Gang frisou ser falsa a notícia de a China estar pronta a ceder armas potentes para a Rússia usar na Ucrânia. Mais ainda: destacou estar a China a desenvolver esforços para colocar fim à guerra. E para parar com a provocação: Rússia toma Kiev e a China invade Taiwan.

Enfim, a temperatura aumentou. E o direito internacional é ignorado a cada tiro disparado na Ucrânia.