Wálter Maierovitch

Wálter Maierovitch

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Ainda não se sabe o impacto da conversa telefônica entre Putin e Netanyahu

O bom relacionamento entre Wladimir Putin e Benjamin Netanyahu é conhecido pelos serviços de inteligência e espionagem ocidentais.

No domingo passado, por telefone, os dois conversaram por horas. Tudo começou com o tema reféns e esquentou quando se entrou na notícia da criação de um califado em Gaza.

Conforme as agências noticiosas europeias, após o telefonema a Rússia manifestou-se pela imediata soltura dos reféns. Um primeiro reflexo da longa conversa.

Não se sabe ainda da influência da conversa entre Putin e Netanyahu na votação — entre hoje e amanhã — de uma nova proposta de cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU.

Um ponto da conversa telefônica entre os dois supracitados líderes, consoante os 007 dos canais da inteligência internacional, teria sido a radicalização do Hamas. Ou seja, o Hamas prometeu matar os reféns. E teria mentido ao negar que está na custódia de mulheres e crianças.

Afirmou o porta-voz do Hamas só manter homens como reféns, depois do acordo do temporário cessar-fogo. Familiares de reféns, mulheres e crianças foram ouvidos pela imprensa de Israel e estes temem que tenham ocorridos mortes.

Atenção e o ponto alto da conversa telefônica: veio à tona o anúncio do Hamas sobre a constituição de um califado. As lideranças do Hamas falaram na implantação do califado em Gaza. Sobre isso, os iranianos, não árabes e xiitas, estariam surpreendentemente de acordo com o califado sunita.

O clima referente a humores no Conselho de Segurança da ONU aponta para a iminente ocorrência de tempestade decorrente da declaração do Hamas de lutar, na Faixa de Gaza, pela implantação de um califado.

Nem os filisteus, que ocuparam na antiguidade a Faixa de Gaza, conseguiram se fechar da influência e presença dos cananeus e hebreus (judeus).

Continua após a publicidade

Por evidente, toda a notícia sobre a implantação de um califado preocupa o mundo árabe — em especial, no caso e em face do conflito que está em curso, o Egito, a Jordânia e, em especial, a Síria.

E tema mais: o risco de desrespeito ao frágil Direito Internacional. Embora frágil, o Direito Internacional (Direito das Gentes) representa tábua de salvação para a paz e a proteção aos direitos naturais da pessoa humana.

Putin, segundo os cientistas políticos europeus, tem urticárias de ouvir falar de califado, em outra liderança forte no planeta. E a supracitada conversa telefônica de domingo com Netanyahu, frise-se mais uma vez, focou nesse novo problema.

Volto ao ponto das boas relações entre Putin e Netanyahu. Por exemplo, Israel não participa das sanções econômicas impostas à Rússia pela União Européia e EUA depois da invasão da Ucrânia.

Netanyahu deu apoio velado a Putin na salvação da ditadura da Síria, onde a queda de Bashar al-Assad, representante de uma minoria alauita no país, era certa.

Putin foi quem salvou o ditador sírio Assad e liquidou com as pretensões do Estado Islâmico, organização terrorista de matriz sunita wahabita, de meta a fixação territorial de um califado. Frise-se, a organização terrorista cresceu com a denominação de Estado Islâmico da Síria e do Iraque.

Continua após a publicidade

Pano rápido: o jornal Haaretz desmentiu a informação dada ontem pelo potente canal Channel 12 de negociações avançadas sobre um novo acordo entre Hamas e Israel para a libertação de reféns.

O jornal israelense, de esquerda e linha editorial de contraste ao governo de Netanyahu, ressaltou estarem os canais desativados, com insucesso do Catar em lograr aproximações voltadas à soltura dos reféns e a um outro cessar-fogo.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes