Netanyahu e Zelensky lembram Vidas Paralelas: judeus totalmente diferentes
Quando nos meus escritos faço comparações entre personagens de destaque, lembro de Plutarco, historiador grego, filósofo e biógrafo, morto serenamente no templo de Delfos, no ano 120 dC.
Mais especificamente, recordo da obra "Vidas Paralelas", onde Plutarco coloca, frente a frente, figuras de destaque dos antigos mundos grego e romano: César e Alexandre; Cícero e Demostenes; Rômulo e Teseus, etc.
São 23 pares em comparações.
Os meus pares comparativos, agora, serão o primeiro-ministro israelense Benjamim Netanyahu e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Ambos são judeus.
GUERRA DE NETANYAHU: 5 meses
Netanyahu joga, após cinco meses, no prolongamento da guerra Hamas-Israel para se manter no cargo.
O mandato de Netanyahu vai até outubro de 2026.
Mas, Israel é parlamentarista. Assim, o Parlamento, por moção de desconfiança, pode derrubar Netanyahu.
Na verdade, Netanyahu mantem-se no poder por força de uma regra tradicional hebraica de não se mudar o governo no curso de uma guerra.
Regra que, no momento, tem se mostrado burra. Pode ter funcionado no passado, mas não vale contra o Hamas.
Os massacres de inocentes palestinos, as recentes cem mortes por disparos de soldados israelenses contra palestinos desesperados, na fila por um punhado de farinha fornecida por empresários palestinos para evitar a inanição do povo, mostram o erro dos israelense.
Erro em não pressionar a ponto de derrubar Netanyahu do cargo de primeiro-ministro e comandante da guerra.
Entre a população, Netanyahu não goza de maioria. Politicamente, está sustentado por extremistas e religiosos fundamentalistas.
De espantar, internacionalmente, a falta de força de persuasão de Biden e da União Europeia. Basta ter olhos de ver, e vontade de perceber, para se concluir a respeito do descontrole de Netanyahu.
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OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberNão dá mais para sustentar Netanyahu, até porque existem, com apoio de países árabes, maneiras de se neutralizar o Hamas, que vive de apoio financeiro do Catar e logístico do Irã.
Os EUA, Egito, Jordânia, Catar e Liga Árabe, prepararam um plano com 5 pontos fundamentais para o cessar-fogo e a liberação de reféns. O plano deveria ser executado no início do Ramadã, mas Netanyahu resiste.
DIREITO INTERNACIONAL
Netanyahu viola o direito internacional, também chamado de direito das gentes. Comete crimes de guerra, contra direitos humanos. E afronta o direito internacional que proíbe, num conflito, a colocação em risco da população civil.
Em Israel, Netanyahu é impopular e, finda a guerra, será investigada a sua responsabilidade por ter optado por uma política de segurança de absoluto descuido com a fronteira na faixa geográfica de Gaza. Também de haver alterado as tarefas dos dois serviços de inteligência, informação e espionagem, internos e externos.
Como isso, Israel viveu e sentiu o horror do terrorismo do Hamas. Os seus dois serviços de inteligência, um deles considerado até então o mais eficiente do planeta (Mossad), não notaram nem a construção de uma rede de túneis.
Não detectarem, ainda, o desvio de recursos financeiros destinados aos palestinos e embolsados pelo Hamas: recursos desviados para sustentar ações voltadas a varrer Israel do mapa.
GUERRA DE ZELENSKY: 2 anos
Zelensky dominava as informações. Estava ciente, como presidente, da intenção de Putin de invadir a Ucrânia. Putin utilizou o falso pretexto de salvar enclaves russos contra ataques de neonazistas ucranianos apoiados pelo governo de Kiev.
Na potente máquina de inteligência russa, difundiu-se ser Zelensky um apoiador de nazistas. Bola fora, pois Zelensky é judeu de origem e praticante da religião. Os russos de Putin mudaram de foco.
Putin imaginou ocupar a Ucrânia em poucos dias e mantinha a certeza de ser aclamado como salvador, isto pelos ucranianos.
Para o presidente Putin, todos os ucranianos queriam ser russos. Na sua presidência, Zelensky reforçou o nacionalismo e o espírito patriótico dos ucranianos.
A violação à soberania da Ucrânia, o patriotismo do povo ucraniano, e as violações por parte de Putin à Constituição da ONU e às regras do direito internacional público, viraram as grandes armas esgrimadas por Zelensky, que ganhou respeito majoritário no Ocidente.
Netanyahu, ao contrário, perdeu o respeito.
Pior, Netanyahu colocou todos os judeus na condição de apoiadores das suas desumanidades, como se os fins (combate ao terror) justificassem os meios (morte e flagelo dos palestinos inocentes, não pertencentes ao Hamas).
Zelensky buscou apoio dos EUA e União Europeia. Está na iminência de a Ucrânia ingressar na OTAN-NATO. Ele visitou países e se abriu para um acordo de paz. A luta ucraniana é vista como de resistência contra o imperialismo russo.
Ao contrário, as ações bélicas do governo Netanyahu, inicialmente legítimas em face do terror do Hamas, deslegitimaram-se.
Perdeu-se a legitimação ao se colocar em risco a população civil e pela morte dos inocentes. Também ao promover-se compulsórias migrações internas. Nisso, destruíram-se residências e impediu-se o apoio humanitário na medida das necessidades.
Conforme informado pela mídia europeia, no norte de Gaza a população, sem alimentos, busca restos de animais para comer.
Zelensky não fez a comunidade internacional mudar de opinião com relação à Ucrânia: suas forças atuam em legítima defesa.
Netanyahu virou o sanguinário insensível. O que não deseja a criação do Estado palestino e quer submeter Gaza à sua gestão e fiscalização por tempo indeterminado. Coloca em risco de rescisão os acordos de Abraão celebrado com países árabes.
Num opúsculo não publicado no Brasil e com o título "O judeu como pária ( "L´Ebreo como paria- Una tradizione nascosta- editora italiana Giuntina), a filósofa e cientista política Anna Arendt mostrou essa injusta, desumana e discriminatória postura contra os judeus na Europa.
Netanyahu, com sua fúria bélica, põe todos os judeus como fautores da sua amoralidade e, com isto, faz crescer o antissemitismo. E o antissemitismo, a lembrar Anna Arendt coloca os judeus (hebreus) como párias.
COMO TERMINA?
As últimas pesquisas de opinião sobre eleição presidencial apontam para a derrota de Zelensky. O vencedor seria o general Valeri Zaluzhnya.
Zalushnya era o comandante das forças da Ucrânia contra os invasores russos. Adquiriu muito prestígio e a sua coragem empolgou os ucranianos.
Pelo que corre, Zelensky ficou enciumado, houve atrito e o comando militar acabou mudado. O general passou para a oposição a Zelensky.
Caso Trump acabe se elegendo, e o mesmo ocorra com Zalushnya, os financiamentos americanos, atualmente bloqueados pelos republicanos no Congresso americano, terminarão. A Ucrânia deverá, num acordo de paz, aceitar a a perda de cerca de 25% do seu território.
No momento, os russos estão em vantagem, depois do fracasso da anunciada operação de verão.
Netanyahu terá todo o apoio de Trump, caso eleito. E uma guerra mais ampla poderá acontecer.
O problema é como Netanyahu se manterá no poder na hipótese de iminente rompimento com Biden e por suas matanças.
Como se nota, Zelensky e Netanyahu, dois judeus, são totalmente diferentes. Isso mostra o erro de se achar que todo judeu é um sanguinário e insensível como Netanyahu.
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