França já fez testes nucleares na Ásia e foi processada pela poluição do ar
A França, com seu presidente Emmanuel Macron, protagonizou uma discussão internacional contra os episódios de queimadas e desmatamento da Amazônia. Macron acusou o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, de mentir sobre o clima e até se declarou contra o acordo da União Europeia com o Mercosul, posição que acabou não encontrando apoio no G7, encontro das maiores economias do mundo, recentemente na França.
Apesar de a situação do desmatamento e das queimadas na Amazônia estar mais grave do que nos outros anos, historicamente, a França emitiu mais poluentes do que o Brasil. Além disso, o Estado francês já foi processado por realizar testes nucleares na Ásia e pela má qualidade do ar na região de Paris.
Durante a troca de críticas entre Bolsonaro e Macron, o general Villas-Bôas, ex-comandante do Exército Brasileiro, chegou a citar a questão nuclear em posts no Twitter.
Na Guiana Francesa, departamento ultramarino subordinado a Paris que faz fronteira com o Brasil e possui parte da floresta amazônica, há também relatos de mineração ilegal e expansão de atividades agrícolas.
Material radioativo nas ilhas da Polinésia Francesa
Durante trinta anos, entre 1966 e 1996, a França realizou 193 testes nucleares na Polinésia Francesa, no oceano Pacífico. Até hoje, os desabitados atóis de Mururoa e Fangataufa escondem 3.200 toneladas de material radioativo de diferentes tipos.
Parte desse depósito de resíduos poluentes se encontra no fundo do oceano, em até 1.000 metros de profundidade, segundo o último estudo da região, feito em 1998. No entanto, estima-se que a população do arquipélago, que triplicou de tamanho no período dos testes, foi exposta a níveis de radiação 500 vezes maiores que o máximo recomendado.
Este foi motivo de uma ação judicial da Assembleia das ilhas no Pacífico entrar com uma ação contra o país europeu em 2015. Uma equipe de médicos franceses calculou em 2006 que os casos de câncer aumentaram nas ilhas por culpa dos testes nucleares.
Poluição extrema do ar em Paris
Em uma decisão inédita, a Justiça francesa condenou o Estado francês, em junho deste ano, por não ter tomado ações suficientes para combater a poluição do ar. Segundo o processo, uma mãe e uma filha tiveram de mudar de residência para combater crises de asma.
O Tribunal Administrativo de Montreuil, nos arredores de Paris, considerou o Estado responsável pelas deficiências na aplicação de um plano de proteção da atmosfera na região de Île-de-France. O pico de poluição foi registrado em junho de 2016.
Em 2018, a França registrou uma qualidade de ar considerada moderada, como o Brasil, segundo a Air Visual, empresa europeia que monitora a qualidade do ar ao redor do mundo. O país europeu ocupa a 53ª posição entre os países com ares mais poluídos. Brasil é o 44º.
8º país que mais emitiu gases de efeito estufa
De acordo com a organização internacional Climate Watch, que monitora o clima e os efeitos do aquecimento global no mundo, a França é o oitavo país mais responsável pelas mudanças climáticas hoje, se considerar seu histórico de emissão de gases de efeito estufa.
A organização estima que, entre 1850 e 2016, o país emitiu 54,2 bilhões de toneladas de poluentes, seja CO2 ou equivalentes. Os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar, com quase 578 bilhões de gases emitidos. O Brasil não aparece no Top 10.
Política de emissão de gases tem mudado
Na últimas décadas, a França tem reduzido a intensidade do seu processo de industrialização. O país, que ocupou o quinto lugar até meados do século 20, está fora do Top 10 dos maiores emissores absolutos desde 1990, quando, por coincidência, o Brasil começa a figurar na lista.
De 1990 a 2014, a França emitiu menos gases poluentes que o Brasil tanto em números absolutos como per capita, aponta o Climate Watch.
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