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Em 26 dias, queimadas superam média histórica do mês de agosto na Amazônia

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

27/08/2019 13h09

As queimadas registradas na Amazônia nos 26 primeiros dias de agosto já superaram a média histórica de incêndios para os meses de agosto completos, segundo dados do Programa de Queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais).

A média para os meses de agosto é de 25.853. Neste ano, somente até o dia 26, já foram mais de 26.795 focos registrados. A média vem caindo ao longo dos dias e, nas últimas 48 horas, foram 861 registrados.

Desde 2010, o país não registrava um mês de agosto com mais focos do que a média histórica, já que a tendência de queimadas vinha se reduzindo no bioma. No ano de 2010, em agosto foram registrados 57.509 focos. Naquele ano, entretanto, o país estava sob influência de uma seca extrema.

As queimadas têm relação direta com o desmatamento, já que são parte do processo da limpeza de uma área degradada da floresta para pecuária ou agricultura. Na Amazônia, as queimadas são invariavelmente provocadas pelo homem, sem autoignição.

Os municípios que mais desmataram são aqueles que mais apresentam focos de queimadas, com destaque para Altamira (PA), que lidera os dois rankings em 2019.

Saiba mais sobre a Amazônia

A Amazônia tem 5,5 milhões de km², 4,2 milhões de km² no Brasil. A floresta se espalha por nove países: Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa

Amazônia Legal é uma área que engloba nove estados do Brasil, ocupando 59% do território brasileiro: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, além de parte do Maranhão.

Em julho, foram 1.287 km² desmatados na Amazônia Legal, 66% a mais em relação a julho de 2018, segundo dados do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia). Pará (36%), Amazonas (20%) e Rondônia (15%) responderam por 71% dessa região desmatada.

Em 2018, até o dia 23 de agosto, o Ibama aplicou 9.771 multas de todos os tipos. Em 2019, até 23 de agosto, foram 6.895 multas. Ou seja, uma queda de 29,4%.

Isso se reflete também na diminuição das equipes de fiscalização. Das 27 unidades do Ibama nos estados, 19 estão sem chefe definitivo desde março.

Municípios com mais desmatamento em 2019:

Altamira (PA) - 828 km²
São Félix do Xingu (PA) - 584 km²
Mucajaí (RR) - 541 km²
Marcelândia (MT) - 520 km²
Porto Velho (RO) - 492 km²

Municípios com mais focos de queimadas:

Altamira (PA) - 2.259
Porto Velho (RO) - 1.935
São Félix do Xingu (PA) - 1.716
Lábrea (AM) - 1.512
Novo Progresso (PA) - 1.338

Além disso, a maioria dos estados da Amazônia tem altas maiores que a média nacional, de 80%:

Rondônia - 184%
Pará - 161%
Roraima - 132%
Acre - 130%
Amazonas - 129%