Quatro vezes em que Bolsonaro usou argumentos errados sobre lockdown
Crítico do lockdown, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já utilizou mais de uma vez argumentos equivocados para atacar a adoção da medida no país como forma de conter o avanço do coronavírus.
Lockdown, termo em inglês, significa o bloqueio total de uma área em que o cidadão fica impedido de circular em vias públicas sem apresentar motivos de emergência. A medida já foi implementada em diversos países do mundo e recentemente também foi aplicada em alguns estados e municípios brasileiros.
Após a adoção do lockdown, Araraquara, no interior de São Paulo, zerou não só a fila de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) como também os óbitos pela doença.
Situação similar ocorreu em Chapecó (SC), onde houve redução da quantidade de casos e mortes após as duras restrições impostas na área —medidas ignoradas pelo presidente ao parabenizar a prefeitura pela gestão diante da pandemia.
Ao argumentar contra o confinamento, Bolsonaro distorceu estudos e até mesmo falas da OMS (Organização Mundial de Saúde) sobre o assunto. O UOL Confere listou quatro destas situações.
Falso: 'Não dá certo'
Não precisa dessa gana toda para conter a expansão [do coronavírus]. Conter por um tempo, porque o vírus vai atingir pelo menos 70% da população. Essa maneira radical de proporcionar lockdown... Eu não falo inglês, como é? Lockdown. Não dá certo, e não deu certo em lugar algum do mundo.
Jair Bolsonaro em 14/05/2020
Em maio passado, o presidente declarou que o lockdown "não deu certo em lugar algum do mundo", ignorando que, à ocasião, a China já havia retomado muitas das atividades afetadas pela pandemia após um período de lockdown.
Falso: Lockdown e estado de sítio
Aqui no Distrito Federal, toma-se medida por decreto, de estado de sítio, das 22h às 5h ninguém pode andar. Uma medida extrema dessa, só eu, o presidente da República, e o Congresso Nacional poderiam tomar. E a gente está deixando isso acontecer, ficando quietos... Até quando podemos aguentar essa irresponsabilidade do lockdown?
Jair Bolsonaro em 11/03/2021
Durante evento no Congresso Nacional, em março deste ano, o presidente comparou o toque de recolher implementado no Distrito Federal e o lockdown ao estado de sítio. No entanto, não é possível comparar as duas situações.
O estado de sítio é previsto em lei apenas em caso de guerra ou "comoção grave" e só pode ser implementado após a decretação de estado de defesa. Ambos passam pelo crivo do Executivo e do Legislativo.
O cenário prevê buscas e apreensões sem autorização judicial, interceptação de comunicações e suspensão de reuniões.
Já o lockdown restringe a circulação em vias públicas, mantém o funcionamento de serviços essenciais e determina, em alguns casos, toque de recolher.
Falso: OMS e lockdown sem eficácia
Até mesmo a desacreditada OMS disse que o lockdown não serve para combater a pandemia. Ela tem apenas uma consequência: transformar os pobres em mais pobres.
Jair Bolsonaro em 11/03/2021
Em outubro passado, um membro da OMS afirmou que a entidade não defendia o confinamento como o principal meio para conter a covid-19. A fala foi distorcida por diversos líderes —entre eles Bolsonaro e o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump— que a utilizaram para alegar ineficácia do confinamento.
No entanto, após a repercussão, a OMS esclareceu que o lockdown é visto como "mais uma arma do arsenal" no combate à pandemia de covid-19, e não a principal delas.
O órgão explicou que o confinamento pode ajudar determinadas regiões a ganhar tempo para frear o vírus em caso de transmissão comunitária intensa.
Enganoso: Recuo de Merkel em lockdown na Alemanha
Ali ela fez um mea-culpa e falou que foi um erro. Quem falou foi ela, quem falou são os jornais.
Jair Bolsonaro em 25/03/2021
Durante uma de suas tradicionais lives de quinta-feira, em março deste ano, o presidente mencionou o fato de Angela Merkel ter voltado atrás na implementação de um lockdown na Alemanha durante a Semana Santa.
Ele alegou que a medida foi cancelada pelos impactos acarretados na economia, mas a própria chanceler alemã explicou ter revogado o lockdown pela falta de tempo hábil para implementá-lo antes do feriado.
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