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É falso que TSE reconheceu conexão entre PT e PCC

24.ago.2022 - É falso que TSE tenha reconhecido conexão de Lula com PCC, como compartilhado por Jair Bolsonaro - Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram
24.ago.2022 - É falso que TSE tenha reconhecido conexão de Lula com PCC, como compartilhado por Jair Bolsonaro Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

24/08/2022 18h23

É falso que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) reconheceu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem conexão com o PCC (Primeiro Comando da Capital), como afirmam publicações do presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) e do candidato a deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) nas redes sociais e em vídeo no YouTube.

O UOL Confere classifica com o selo falso conteúdos que não têm amparo em fatos e podem ser desmentidos de forma objetiva.

O que dizem as publicações.

A legenda do post feito por Bolsonaro em seu perfil oficial do Instagram afirma:

É simples: não sou eu, mas o próprio crime organizado que demonstra enxergar o PT como aliado ao reclamar do meu governo, que tem quebrado recordes de apreensão de drogas e prejuízos às facções, e admitir ter saudades dos diálogos cabulosos com os petistas. Resolvam com o PCC!".

A descrição do vídeo de Gayer, divulgado na página oficial do Facebook do candidato à Câmara, diz:

Tá liberado! TSE admite que o PCC tem sim ligação com o PT de LULA".

gayer - Arte/UOL sobre Reprodução/Facebook - Arte/UOL sobre Reprodução/Facebook
24.ago.2022 - Candidato, Gustavo Gayer também disse em vídeo que TSE confirmou ligação de PCC e PT de Lula
Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Facebook

Viralização. Até esta quarta-feira (24), o post de Gayer havia alcançado 148 mil visualizações.

Contexto. Os posts se referem à decisão da ministra Maria Claudia Bucchianeri, que negou um pedido do PT para derrubar uma postagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) em que ele sugeria a conexão do partido com a organização criminosa. No entanto, em nenhum momento a ministra confirmou a ligação em sua decisão.

Reportagem da TV Record

Esse post de Bolsonaro (que o PT tentou tirar do ar) foi publicado em 19 de julho deste ano nas contas do Twitter e do Instagram do presidente. A base da alegação era uma reportagem da TV Record de 9 de agosto de 2019, sobre interceptações telefônicas feitas pela PF (Polícia Federal) na Operação Cravada.

Em uma das gravações, "Elias" —codinome de Alexsandro Roberto Pereira— apresentado na gravação como integrante do PCC, dizia que a facção tinha diálogo com o PT e temia o então ministro da Justiça Sergio Moro (UB-PR), hoje pré-candidato ao Senado.

Pra você ver, o PT com nós [sic] tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nós cabuloso, mano, porque, situação que nem dá pra nois ficar conversado a caminhada aqui pelo telefone, mano. Mas o PT, ele tinha uma linha de diálogo com nós cabulosa, mano".
Alexsandro Roberto Pereira em ligação interceptada pela PF.

Em resposta às acusações, o PT, na época, disse que a revelação das escutas era uma "armação da Polícia Federal", que era subordinada a Moro. O promotor do MPSP (Ministério Público de São Paulo), Lincoln Gakiya —responsável pelas investigações sobre o PCC—, disse no mesmo dia que não havia indícios de negociações entre o PT e a facção.

Motivo da não remoção do conteúdo pela ministra

Após pedido de remoção do conteúdo feito pelo PT para a Justiça, Bucchianeri argumentou que o presidente não tirou de contexto nem alterou o material em vídeo. Fora que o conteúdo da conversa interceptada foi publicado por diversos veículos de comunicação e não foi desmentido por nenhum deles.

Ela ainda reiterou que não se tratava de um juízo de valor sobre o conteúdo da postagem.

Dessa forma, sem exercer qualquer juízo de valor sobre o conteúdo da conversa interceptada, se verdadeira ou não, o fato é o de que a interceptação telefônica trazida na matéria jornalística compartilhada e comentada pelo representado é real, ocorreu no contexto de determinada operação coordenada pela Polícia Federal, de sorte que a gravação respectiva é autêntica, o que não implica, volto a dizer, qualquer análise de mérito sobre a procedência, ou não, daquilo o quanto dito pelas pessoas cujas conversas estavam sendo monitoradas".
Maria Claudia Bucchianeri em sua conclusão.

Documento não menciona reconhecimento do TSE. Fora isso, em nenhum trecho do documento publicado pela Justiça há a menção de que o TSE reconhece alguma ligação entre o partido e a facção criminosa. O PT recorreu da decisão da ministra.

A informação também foi checada por Aos Fatos.

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