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Lutadora Gabi Garcia citada em postagem transfóbica não é trans

23.mar.2023 - Gabi Garcia, à direita, é uma mulher cisgênero - Arte/UOL Confere sobre Reprodução/Facebook
23.mar.2023 - Gabi Garcia, à direita, é uma mulher cisgênero Imagem: Arte/UOL Confere sobre Reprodução/Facebook
Clarice Sá e Giovana Frioli

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em Curitiba

23/03/2023 11h31

Não é verdade que a lutadora brasileira de MMA Gabi Garcia seja transexual, como afirma uma publicação de teor transfóbico que circula nas redes sociais.

Gabi é uma mulher cisgênero —pessoa que se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu— e uma das atletas mais bem-sucedidas do jiu-jitsu brasileiro. Ela é membro do Hall da Fama da modalidade.

O que diz a publicação falsa

  • O post mostra o vídeo de uma luta de Gabi Garcia contra a russa Anna Malyukova no evento da organização japonesa Rizin, em abril de 2016.
  • "Mulher luta com homem trans que nunca ganhou uma luta com homens, agora luta com mulheres", afirma a legenda falsa.
  • A publicação recebeu comentários machistas sobre o físico da atleta e contra pessoas LGBTQIA+.

O que é transfobia?

  • A transfobia é uma forma de discriminação contra pessoas transgêneras e transexuais que pode ir além do ataque físico e verbal. O termo se refere a qualquer ação ou comportamento que se baseia no ódio, medo, intolerância e rejeição às pessoas trans por conta da forma como expressam o seu gênero na sociedade.
  • Desde 2019, a transfobia é considerada crime hediondo, inafiançável e com pena de dois a cinco anos na legislação brasileira.

Por que o post é transfóbico?

  • Um dos elementos da transfobia é o uso equivocado da linguagem. O respeito às pessoas trans passa por reconhecer sua identidade, independentemente do sexo biológico. A definição homens trans, usada erroneamente no texto falso, deve ser usada para se referir a pessoas que se identificam com o gênero masculino. Pessoas que se identificam com o gênero feminino são mulheres trans. Caso a atleta fosse realmente trans, o correto seria referir-se a ela como mulher trans.
  • Outro ponto se cruza com o machismo. A postagem não reconhece como possível que uma mulher tenha um corpo musculoso como o de Bia, seja ela cis ou transgênero.
  • Um terceiro ponto é não considerar que uma pessoa trans possa disputar competições esportivas do gênero com o qual se identifica.

A publicação viralizou após o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) discursar na sessão solene do Dia Internacional da Mulher na Câmara usando uma peruca. O discurso gerou três notícias-crime por transfobia no STF (Supremo Tribunal Federal).

Quem é a atleta?

Gabi Garcia, 37 anos, é nascida em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e possui uma carreira repleta de conquistas na modalidade.

  • Vencedora de nove mundiais e 11 campeonatos pan-americanos;
  • Desde 2014, faz parte do Hall da Fama do International Brazilian Jiu-Jitsu Federation (IBJJF).

Procurada pelo UOL Confere, a lutadora não respondeu. Até a publicação da checagem, Gabi Garcia também não havia se pronunciado publicamente sobre o assunto.

Até o dia 23 de março, o post acumulava mais de 14 mil visualizações, 507 compartilhamentos, 235 curtidas e 248 comentários. O conteúdo também foi checado pelo Estadão Verifica (aqui).

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

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