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Uma iniciativa do UOL para checagem e esclarecimento de fatos


É falso que vacinação bivalente pretende manter 'controle populacional'

20.mar.2023 - Vacina bivalente é segura e eficaz - Reprodução
20.mar.2023 - Vacina bivalente é segura e eficaz Imagem: Reprodução

Pedro Vilas Boas

Colaboração para o UOL, em Salvador

21/03/2023 15h37Atualizada em 21/03/2023 18h10

É falso que a vacina bivalente contra a covid-19 tem como objetivo o "controle populacional" por meio da morte de quem tomar o imunizante, como diz um áudio nas redes sociais e aplicativos de mensagem.

Na verdade, a função da vacina é proteger contra a cepa original do coronavírus e as subvariantes ômicron, evitando casos graves e mortes.

O pedido de checagem foi enviado por leitores do UOL Confere pelo WhatsApp (11) 97684-6049.

O que diz o áudio?

  • A gravação é acompanhada de um texto com a seguinte mensagem: "Funcionária de hospital alerta que todos lá tomaram a vacina bivalente e todos estã o (sic) passando mal. Muitos não conseguem andar";
  • "Todos os funcionários e idosos tomaram a vacina bivalente e todos os funcionários estão passando mal. Febre, enjoo, vômito, náuseas, dificuldade de andar. Ana Clara está com íngua e, segundo Ana Clara, ela tem o grupo de todas as instituições pra idosos do Brasil e, conversando com eles, todas as pessoas dessas instituições também passaram mal", diz a mulher no áudio;
  • "Então pense duas vezes antes de tomar essa vacina. Cuidado. Tem idoso aqui que tá sem andar, então, fique esperta. Não vá nessa onda desse povo, não, porque eles tão querendo é matar o povo, é controle populacional", completa.

Por que a mensagem desinforma?

  • O áudio tem características comuns a desinformações. Podemos notar o uso de linguagem alarmista e dados genéricos;
  • Não há especificação da cidade em que os casos foram registrados ou em qual instituição a mulher nomeada como Ana Clara trabalha;
  • A narração cita reações à vacina listadas na bula do imunizante;
  • A função das vacinas é justamente evitar mortes. As mortes de covid-19 caíram após o início da imunização. Nas dez primeiras semanas de 2023, o Brasil registrou 324 óbitos. No mesmo período de 2022, foram 3.018. Em 2021, ano em que começou a vacinação no país, eram 12.777. Os dados são do Ministério da Saúde (veja aqui).
  • A vacina é segura e eficaz, apontam estudos clínicos realizados em todo o mundo.
  • "O perfil de risco-benefício das nossas vacinas [contra covid] continua positivo para todas as faixas etárias autorizadas e suas indicações", disse a Pfizer em nota.

Reações da vacina

A bula da vacina traz quatro classificações para as possíveis reações ao imunizante:

  • Reações muito comuns. Podem ocorrer em 10% dos pacientes e envolvem dor de cabeça, nas articulações, nos músculos e no local de injeção, além de cansaço e calafrios;
  • Reações comuns. Podem ocorrer entre 1% e 10% dos pacientes. Envolvem diarreia, vômito, febre, inchaço e vermelhidão no local de injeção;
  • Reações incomuns. Podem afetar entre 0,1% e 1% das pessoas. Há aumento dos gânglios linfáticos (ou ínguas), tontura, náusea, suor noturno e mal-estar;
  • Reações muito raras. Podem afetar em menos de 0,01% dos pacientes e envolvem a miocardite (infecção das fibras do coração) e pericardite (inflamação do revestimento externo do coração).

Outras mentiras sobre vacinas

  • Na semana passada, o UOL Confere desmentiu o conteúdo de outro áudio que circula pelo Whatsapp sobre a vacina bivalente. Segundo a gravação, ela seria adicionada à vacina da gripe. A mensagem foi desmentida por Anvisa, Pfizer, SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações) e pelo Instituto Butantan;
  • Também foi desmentida a mensagem falsa de que Moderna teria fabricado 100 mil doses de vacina contra covid-19 em 2019. A farmacêutica só começou a produzir o imunizante após a China apresentar o sequenciamento genético do novo coronavírus, em janeiro de 2020;
  • Um vídeo antigo sobre a suspensão do uso da vacina da AstraZeneca contra covid voltou a circular como se fosse atual. A suspensão ocorreu em 2020 e foi derrubada em poucos dias. A Agência Europeia de Medicamentos liberou o uso do imunizante e garantiu que a vacina era "segura e eficaz".
  • A circulação de mentiras sobre vacinação aumentou após o anúncio da vacinação com a bivalente, no fim de janeiro, como mostrou o UOL Confere.

Pedidos de checagem também podem ser enviados pelo email uolconfere@uol.com.br.

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