É falso que marido de Marina Silva contrabandeou mogno
Uma desinformação antiga sobre o marido da ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, voltou a circular em redes sociais. A alegação falsa já foi desmentida em 2018 pelo Projeto Comprova. O conteúdo alega falsamente que o marido da ministra, Fábio Vaz de Lima, estaria envolvido com contrabando de mogno.
A sugestão de checagem foi enviada ao UOL Confere pelo WhatsApp (11) 97684-6049.
O que diz o post
Uma mensagem de WhatsApp é encaminhada com o recorte de uma publicação no Twitter/X que mostra uma foto da ministra Marina Silva junto com o marido e o seguinte texto: "Esse é o dono da maior parte das serrarias clandestinas do Pará, o maior contrabandista de mogno da região Norte. Mas isso é só um detalhe. Ser marido da ministra é o que importa".
Por que é falso
Essa desinformação é antiga e já foi desmentida pelo Projeto Comprova em 2018 (veja aqui), quando Marina Silva era candidata à Presidência.
A alegação de que o marido da atual ministra, Fábio Vaz de Lima, estaria ligado ao contrabando de mogno foi proferida pelo então deputado Aldo Rebelo durante discussão sobre o Código Florestal em 2011 (veja aqui e aqui). Ele havia se irritado com uma crítica de Marina Silva em uma rede social.
Em seguida, o deputado disse que "pegou pesado" e que ligaria para Marina Silva para desfazer o "mal-entendido" (veja aqui).
À época, a ex-senadora pediu que o MPF investigasse a ela e ao marido (leia aqui). A investigação foi arquivada dois anos depois pelo procurador Roberto Monteiro Gurgel Santos (leia aqui a decisão), que disse "não ver fato delituoso a ser investigado".
Investigação do TCU. Em 2004, o Tribunal de Contas da União investigou a doação de quase seis mil toras de mogno apreendidas na Amazônia para a ONG Fase (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional) por um convênio com o Ibama. A investigação aconteceu por divergências entre o valor real da madeira e o valor atribuído. A ligação de Fábio Vaz de Lima com o caso é porque ele foi um dos fundadores do GTA (Grupo de Trabalho Amazônico), ao qual a ONG Fase era ligada (veja aqui o pronunciamento de Marina Silva).
Quanto às acusações feitas contra Fábio Vaz de Lima, não há um único elemento que confira foros de verossimilhança aos fatos noticiados pela imprensa. Como disse a representante, à data em que assumiu o Ministério do Meio Ambiente o seu marido já não mantinha vínculos com as entidades que integram o Grupo de Trabalho Amazônico - GTA, não havendo a indicação de um fato concreto que o vincule à FASE na época em que foi feita a doação do mogno. Roberto Monteiro Gurgel Santos, procurador-geral da República, em decisão de julho de 2013.
Segundo registros de 2004 nos sites do Ministério do Meio Ambiente, o TCU concluiu que a doação de toras de mogno apreendidas à ONG Fase foi legal (veja aqui e aqui). Em decisão de 2013, o procurador-geral Roberto Monteiro Gurgel Santos disse que "a entidade beneficiária da doação cumpriu com as condições a que se submeteu", e que toda a execução do convênio foi acompanhada pelo Ministério Público.
Trabalho atual. Atualmente Fábio Vaz é autônomo e oferece serviços de consultoria política e ambiental, segundo seu perfil no LinkedIn.
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