É falso que mortos votaram em Lula; títulos foram cancelados em 2018

É falso que duas pessoas mortas em 2011 e 2016 tiveram votos computados para eleger o presidente Lula (PT) nas eleições de 2022.

O site que revela o voto é falso e os títulos das pessoas citadas estão cancelados desde 2018, segundo informou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ao UOL Confere.

A checagem foi sugerida por leitores pelo WhatsApp (11) 97684-6049.

O que mostra o vídeo

"Gostaria de deixar aqui a minha indignação e pedir um esclarecimento acerca do que aconteceu com minha família em Camaçari. Sou Marlene, resido em Camaçari, na Bahia. Olha o voto da minha sogra [ela mostra um papel com voto no 13, número de Lula]. Minha sogra já faleceu desde o dia 1º de abril de 2011. Está vendo a certidão de óbito dela? E aqui o comprovante da votação dela: 2º turno, 13", diz a mulher no vídeo.

"Raimundo Garcez Silva, meu sogro, que faleceu no dia 22 de maio de 2016 e com a certidão de óbito, conforme vocês podem ver. Aqui, o comprovante da votação dele. Ele votou no 13, no 2º turno".

Ela também mostra no suposto comprovante da internet o nome dela de casada, enquanto no comprovante do TSE está o nome dela de solteira. "Até nisso bateu certo [o nome no site], mas no meu título aqui [o nome de solteira]".

Por fim, ela afirmou ter votado em Jair Bolsonaro (PL), mas no registro que ela emitiu pela internet o voto estava como "não registrado". "Eles não mudaram meu nome e está dando como 'não computado'. Eu votei em Bolsonaro, viu, gente?".

Por que é falso

Voto é sigiloso, segundo explicação da Justiça Eleitoral em 2022 (aqui).

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Embora registre a data e a hora em que um eleitor iniciou a votação, bem como o nome de cada cargo em votação, o log (que são os registros de atividades das urnas eletrônicas) não registra informações como número do título de eleitor e nem revela o voto. Isso porque, embora o armazenamento dos votos seja feito de modo que ninguém, nem mesmo a Justiça Eleitoral, possa saber em que candidato cada eleitor votou. Justiça Eleitoral, em nota em 2022

Site é falso e foi difundido no período eleitoral de 2022, segundo o TSE (aqui). "Os supostos votos que o site divulga são falsos, inventados, inexistentes. A mensagem é mais uma 'fake news', entre tantas outras, disseminadas para desacreditar a Justiça Eleitoral e as urnas eletrônicas [...] O site é tão falso que retorna informações com qualquer número que se insira, mesmo não sendo de CPF válido".

Nomes ditos por mulher em vídeo estão com título de eleitor cancelados desde 2018, afirma o TSE. "Isso quer dizer que, devido ao cancelamento da inscrição, os nomes dessas pessoas sequer constam do caderno de votação", disse o Tribunal. O TSE observou que a demora para cancelar o título dessas pessoas "pode ter ocorrido pelo fato de o falecimento não ter sido comunicado à Justiça Eleitoral", já que o Infodip (Sistema de Informações de Óbitos e Direitos Políticos) existe para essa finalidade (aqui).

Em geral, os títulos são cancelados porque as pessoas não comparecem ao procedimento de revisão do eleitorado. No entanto, no caso de pessoas com mais de 70 anos, cujo voto é facultativo, o título não é cancelado a não ser em caso de comunicação de óbito. TSE, em nota.

Pessoas citadas não votaram em eleições anteriores, segundo o TSE. "Convém reforçar ainda que, para votar, é necessária a presença física do eleitor, primeiramente identificado pelo mesário por meio do documento oficial com foto. Caso tenha a biometria coletada pela Justiça Eleitoral, a pessoa ainda passa pelo processo de reconhecimento das impressões digitais, realizado pelo terminal do mesário, antes da votação", observou o TSE ao UOL Confere.

Postagens semelhantes também já foram checadas outras vezes por UOL Confere (aqui e aqui).

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Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

Fabíola Cidral conta como reconhecer logo de cara uma fake news

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