Hungria não descobriu plano secreto para matar Bolsonaro

É falso que Bolsonaro tenha se hospedado na embaixada da Hungria por duas noites porque o país teria descoberto um plano para matá-lo. A informação falsa circula em redes sociais.

A defesa do ex-presidente alega 'agenda política' e alinhamento com o governo húngaro como justificativa para a estadia dele.

O que diz o post

Em um vídeo, um homem afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria sido chamado à embaixada da Hungria porque "o serviço secreto de inteligência do país detectou que um assassino profissional iria executá-lo". O homem alega ainda que o suposto assassino teria sido contratado "pela esquerda junto a Venezuela de Maduro", e que, por isso, o ex-presidente foi chamado na embaixada da Hungria, para se proteger.

Por que é falso

Sem menção a suposto plano. Em resposta ao STF, os advogados de Jair Bolsonaro não citam o suposto plano para matá-lo como o motivo para sua estadia na embaixada da Hungria entre os dias 12 e 14 de fevereiro (aqui). Segundo a defesa do ex-presidente, ele foi ao local para cumprir agenda política (veja aqui).

Nesse contexto, o Peticionário [Bolsonaro] mantém a agenda política com o governo da Hungria, com quem tem notório alinhamento, razão porque sempre manteve interlocução próxima com as autoridades daquele país, tratando de assuntos estratégicos de política internacional de interesse do setor conservador.
Defesa de Jair Bolsonaro

O documento foi peticionado em resposta ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Ele havia dado prazo de 48 horas para que Bolsonaro explicasse o motivo da sua hospedagem (aqui). O documento é assinado pelos advogados com data de 27 de março de 2024. Antes disso, à imprensa, a defesa de Bolsonaro tinha dito que o ele foi ao local para "manter contato com país amigo" (aqui).

Bolsonaro passou duas noites na embaixada da Hungria, como mostrou o New York Times (aqui). A estadia do ex-presidente aconteceu quatro dias depois de ele ter tido o passaporte apreendido.

Bolsonaro e outras 19 pessoas ligadas a ele entregaram o documento à PF em 8 de fevereiro. A entrega foi feita por medida cautelar referente à operação que investiga o grupo que tentou dar um golpe Estado após as eleições (aqui). Ele nega que o motivo de sua ida à embaixada tenha sido evitar um eventual prisão.

Continua após a publicidade

Embaixada não comenta. Procurada pelo UOL Confere, a representação húngara não respondeu até a publicação desta reportagem. Segundo o colunista do UOL Jamil Chade, o embaixador da Hungria em Brasília, Miklos Halmai, foi chamado ao Itamaraty para dar explicações sobre o caso (aqui). A reunião durou apenas 20 minutos. O diplomata se manteve em silêncio, sem prestar os esclarecimentos que eram pedidos. Ele apenas escutou uma embaixadora brasileira e, durante a reunião, permaneceu em contato com seus superiores, em Budapeste.

Viralização: Um post com o conteúdo desinformativo no Facebook somava mais de 8.500 curtidas, mais de 5.000 compartilhamentos e 3.000 comentários.

Este conteúdo também foi checado por Lupa.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

5 dicas para você não cair em fake news

Siga UOL Notícias no
UOL Confere

O UOL Confere é uma iniciativa do UOL para combater e esclarecer as notícias falsas na internet. Se você desconfia de uma notícia ou mensagem que recebeu, envie para uolconfere@uol.com.br.

Deixe seu comentário

Só para assinantes